GR Sport: conduzimos o mais caro dos Toyota C-HR
Parece que foi ontem que a Toyota o anunciou, mas a verdade é que o C-HR já anda entre nós há alguns anos. E um dos principais culpados de não nos apercebermos de tal rapidez temporal é o seu design, arrojado, corajoso e futurista. Uma boa aposta por parte da Toyota que, anos depois, lhe poupou trabalho na actualização de meia-idade que aplicou ao seu crossover urbano, pois não foram necessárias grandes alterações para o C-HR se manter tão fresco quanto nas suas primeiras aparições. Continua a destacar-se, continua a dar nas vistas e por isso há que reconhecer o bom trabalho feito pela Toyota desde o primeiro dia de vida do seu “Coupé High Rider”.
Cruzei-me, por diversas vezes, com o C-HR ao longo dos últimos anos, mas a motorização híbrida mais potente teimava em escapar-se-me das mãos. Concretizou-se, finalmente, e pude assim tirar algumas conclusões relativamente aos dois motores híbridos que a Toyota encaixa debaixo dos capots dos seus C-HR. Esta versão mais “racing” GR Sport está sempre associada a este propulsor electrificado mais potente, um motor 2.0 litros, a gasolina, que, com a ajuda da componente eléctrica, oferecem uma potência de 184 cavalos. Relativamente ao motor 1.8 litros, híbrido, claro, de 122 cavalos, quer a componente térmica, quer a eléctrica, são mais potentes. Mas até que ponto compensa a diferença?
Dinâmica é destaque. Sempre o foi
Sem os ter, lado a lado, no mesmo dia, no mesmo percurso, é verdade que esta é uma comparação um pouco injusta, mas a conclusão parece-me fácil. Obviamente, não são de estranhar as superiores capacidades deste motor relativamente ao mais fraco. Com ele, o C-HR acelera mais depressa e é mais divertido de conduzir – até porque as capacidades do chassis sempre lá estiveram – ágil e seguro, apesar do seu peso elevado se fazer sentir se exagerarmos. Ainda assim, e por muito que goste de potência, e por muito que reconheça que a diferença nos consumos entre os dois motores não é assim tão grande, continuo a achar que o “um ponto oito” é todo o motor de que o C-HR precisa. Dá-lhe um andamento mais do que suficiente e é mais eficiente, gastando ainda menos do que o “dois mil”. Se essa é a prioridade máxima de um híbrido, não vejo onde está a dúvida.
Estes 184 cavalos justificar-se-ão por maiores distâncias percorridas em autoestrada, facilitando as ultrapassagens, por exemplo, ou por compras mais emocionais, também orientadas pela questão dinâmica, sem descurar a vertente ecológica do C-HR. E é para esses condutores que a Toyota propõe esta versão GR Sport, com detalhes específicos no exterior e interior, bem como com afinações específicas de direcção e suspensão. Não achei este C-HR muito mais rijo de suspensão que todos os outros não GR Sport com que me cruzei, e também não o senti assim tão mais ágil, apesar de contar, também, com pneus específicos. Não digo com isto que as melhorias não estão lá, mas o C-HR já é tão bom do ponto de vista dinâmico que não achei os incrementos assim tão notórios.
Em tudo o resto, este é um C-HR como os outros. Um crossover urbano muito bom de conduzir, bom para quem viaja à frente, menos bom para os passageiros de trás. Espaço não lhe falta, mas falta-lhe luz natural, pois as janelas são incrivelmente pequenas, justificadas pelo acima referido design, uma das outras prioridades dadas pela Toyota ao C-HR para além da eficiência no consumo de combustível, bem patente nos 5,1 litros de média de consumo que o computador de bordo mostrava no dia em que o devolvi à Toyota. Ainda no interior, senti falta de pequenas coisas como um espaço específico onde colocar o meu smartphone – pelo menos um onde este coubesse – para não ter de recorrer ao suporte para copos e ter de o ver a balançar de um lado para o outro nas curvas. Sim, porque como disse, o C-HR gosta de curvas.
Dois litros. Sim ou não?
Sim e não. Outra conclusão inconclusiva, bem sei. Em versões equivalentes, são mais 2800 os euros que a Toyota pede. Parece-me um valor justo pela diferença de potência e pela ainda muito boa eficiência do motor 2.0 litros. O “sim” fica, assim, justificado. Porém, hoje, o “não” vence. O C-HR não precisa, efectivamente, de tanta potência. Mas lá está, não precisa o C-HR, mas podes precisar tu, que procuras potência, baixos consumos, uma garantia elevada, custos de manutenção reduzidos, um design que dá nas vistas e, acima de tudo, se és fã da marca e da sua vertente mais desportiva, agora sempre associada à sigla GR, partilhada com este C-HR.
Segue-nos no Instagram