A Opel e os tubarões, um culto já com 17 anos
Tem um Opel Corsa aí estacionado à porta de casa, um desta nova geração? A pergunta também é válida para um pequeno SUV Mokka, um familiar Astra ou até mesmo um mais sóbrio SUV Grandland X. Se sim, pegue nas chaves e vá à procura dos tubarões que se escondem no seu interior. Pode ir descansado já que estes são dos que não mordem!
Os tubarões são uma tendência na Opel desde 2004, quando Dietmar Finger, à altura designer da marca, se lembrou de por um tubarão no exterior da lateral da tampa do porta-luvas do que haveria de ser o futuro Corsa. A agora saga provém de uma inocente sugestão do seu filho, quando o viu a fazer os desenhos dessa peça tão banal, a que muito poucos de nós – até me atrevo a dizer (quase) ninguém – presta atenção.
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À estupefacção de um “Pai, porque não desenhas um tubarão?” passou-se para um “E porque não?”, experimentando-se desenhar um exemplar dessa espécie nesse local improvável, sítio que apenas e só se consegue ver quando se abre o dito porta-luvas, uma vez aberta a porta do pendura. Ou seja, quase nunca se lhe presta atenção, nem mesmo aos reforços transversais, verticais e horizontais aplicados, sendo que na Opel, neste caso em particular, passou a ter um esqualo como apoio à integridade estrutural desse elemento em matéria plástica.
Pois, até podiam estar mais visíveis, mas o objectivo não era esse, sendo sim de colocar os bichos em locais onde os clientes pudessem ser surpreendidos por tão inexpectável encontro imediato! Apresentado na reunião de produto, a ímpar iniciativa mereceu a aprovação de quem de direito, pelo que os tubarões começaram a multiplicar-se pelos diferentes modelos da Opel: há-os em número variado nos habitáculos do versátil monovolume compacto Zafira, no pequeno Adam, no familiar Astra, nos SUV Crossland e Grandland X e até no imponente Opel Insignia. Verdadeiro fenómeno de culto na Opel, cada responsável pelo design de interiores da marca de Russelsheim certifica-se hoje de que no final de cada processo haja pelo menos um tubarão a nadar por ali. Curiosidade, muitos só são avistados aquando do lançamento do novo modelo, mesmo internamente!
O mar como fonte de inspiração
Os tubarões surgem no decurso da já longa ligação da Opel aos motivos marítimos, primeiro com referências à temática em nomes de modelos – Kadett, Admiral e Kapitän – depois com as espécies que vivem sob a sua superfície, com especial destaque para o Manta, um original coupé desportivo de 1970 – festejou há 1 ano o seu 50º aniversário – que exibe na sua carroçaria um emblema em forma de raia, resultado de um encontro com o conceituado biólogo marítimo francês Jacques Cousteau.
Há que recuar a 1969, altura em que o design da Opel estava entregue ao norte-americano George Gallion, tendo saído numa missão secreta em busca do logótipo final que identificaria o novo desportivo da marca, o Manta. “Naquela época, os nomes de animais combinavam com o chamado ‘zeitgeist’, de que eram exemplos o Ford Mustang [nota: uma raça de equídeos selvagens norte-americanos] ou o Corvette Stingray [nota: espécie aquática da família das raias], modelos que registavam um enorme sucesso nos EUA. Tomada a decisão do nome, deram-nos 10 dias para chegar ao logótipo”.
Visualizadas as imagens recolhidas pelo guru da temática marítima nesse encontro, Gallion deparou com uma foto de uma gigantesca raia-manta, tirada de baixo para cima, contra a superfície brilhante do mar. Estava encontrada a identidade do Opel Manta, icónico elemento que se viu aplicado nos guarda-lamas dianteiros. Mantendo o mar como pano de fundo, o desportivo Manta faria a sua estreia em setembro de 1970, numa apresentação que, muito apropriadamente, decorreu na Timmendorfer Strand, na costa alemã do Mar Báltico
Tirando essa espécie de one-off com o Manta, regressemos aos tubarões, um dos mais temíveis predadores dos mares, mas que é acarinhado na Opel, sublinhando a paixão da marca pelos automóveis, pelo design e pelo detalhe de cada pormenor, por mais insignificante que possa parecer. É, por isso, certo que os tubarões irão continuar a aparecer nos futuros modelos da marca, uns mais à vista, outros mais dissimulados, mudando de território nas profundezas dos habitáculos. Essa garantia é dada por Karim Giordimaina, um dos responsáveis de design da Opel: “Sempre que lançamos um novo modelo, os jornalistas perguntam-nos agora onde estão os tubarões, pelo que encorajo sempre os nossos designers a esconde-los no interior dos novos projectos. Somos acessíveis, humanos e fazemos tudo com um sorriso nos lábios, sendo exatamente isto que queremos que os nossos clientes sintam”.
Por isso, se comprar ou conduzir um Opel lembre-se de que haverá sempre pelo menos um tubarão à espreita!
Fotos: Oficiais / Opel