Volkswagen Arteon Shooting Brake – Reinventar para se destacar
Um dos formatos de carroçaria que mais sofreu com a chegada da ofensiva SUV foi a muito apreciada, pelo menos em Portugal, station wagon. As carrinhas familiares criadas a partir dos compactos ou berlinas que tantas famílias convenceu e que, nos últimos anos, têm vindo a ceder o seu lugar, em muitas das garagens onde dormem, a modernos crossovers não necessariamente mais práticos, mas quase sempre mais apelativos visualmente.
E também a Volkswagen, como não podia deixar de ser, quis uma boa parte desse mercado para si, com modelos de sucesso como o T-Cross, o T-Roc e o Tiguan, continuando, por outro lado, a apostar nas mais convencionais “carrinhas” nas gamas Golf e Passat. Já no caso do pouco visto – na minha opinião, injustamente – Arteon, a marca alemã decidiu apostar num conceito que tendo vindo a renascer graças a marcas como a Kia e a Mercedes-Benz, o formato Shooting Brake.
Visualmente, não sei se o prefiro ao Arteon que já conhecíamos, mas isso pouco importa a quem procura o seu próximo novo automóvel, pois gostos não se discutem, como sabemos. No entanto, permitam-me uma observação: ainda que menos prático, o Arteon Shooting Brake é mais bonito do que o Passat Variant, esse sim, o seu principal rival interno, mais até do que o Arteon “convencional” cujo acesso à enorme bagageira nunca foi um problema graças à sua igualmente grande quinta porta.
De pernas bem esticadas
E já que falámos em bagageiras, fiquem a saber que a vantagem do Shooting Brake, em termos de capacidade, é mínima quando comparada com a do Arteon, batendo-o por pouco mais do que uma garrafa de água. Já o Passat Variant responde com 650 litros de volume útil e um formato bem mais prático. Em termos de habitabilidade, é injusto fazer uma comparação sem ter ambos os modelos lado a lado, mas a superior distância entre eixos – 51 milímetros – do Arteon relativamente ao Passat, fazem deste Shoooting Brake um autêntico lounge para os passageiros de trás, pelo menos para dois, já que o lugar central sofre dos problemas de conforto habituais.
Passando para a frente, encontramos a habitual sensação de qualidade dos produtos da Volkswagen, bem como a essencial aposta num ambiente mais digital, quer pelo painel de instrumentos, quer pelo bom sistema de infotainment. Já a solução táctil aplicada nos botões do volante e nos comandos da climatização, deslizantes, pode não ser para todos. Eu sei bem o que preferia ter encontrado, mas, uma vez mais, gostos não se discutem. Ao volante, destaco a boa posição de condução, lugar de onde apenas se lamenta não termos grande visibilidade para trás, algo que era expectável com um formato de carroçaria assumidamente desportivo.
TDI, pois claro
O “nosso” Shooting Brake estava equipado com um velho conhecido destas andanças, o motor 2.0 TDI na sua configuração de 150 cavalos, aqui equipado com a mais recente tecnologia de redução de emissões. E que bom foi reencontrá-lo. Possante, refinado e económico e, claro, Diesel, essa tecnologia alimentada a combustível oriundo do “inferno” e que, segundo nos dizem, tem os dias contados. O que eu sei é que cheguei ao fim do ensaio com uma média de apenas 5,8 l/100 km e em autoestrada, graças à DSG de 7 velocidades, o TDI vai a respirar baixinho mesmo a ritmos elevados. Os quilómetros acumulam-se com grande rapidez, a bordo do Arteon Shooting Brake e a média raramente sobe dos 6 litros. Façam-se contas e meçam-se as palavras na altura de criticar os motores Diesel.
Quanto ao comportamento, senti falta de algo que muito aprecio em praticamente todos os carros do Grupo Volkswagen, o controlo dinâmico de chassis. Na sua ausência, o Arteon mostrou-se dinamicamente muito competente e com um nível de conforto igualmente adequado, mas falta-lhe a dose extra de filtragem e de adaptabilidade que o controlo de amortecimento variável providencia. Considerando os 57 400 € que custa, dos quais 2 900 são opcionais, parece-me um bom investimento gastar mais 1 150 € e transformar por completo este belíssimo R-Line, que passaria a contar com outra subtileza na hora de absorver todas as imperfeições do piso.
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Se achas que os 150 cavalos não chegam – garanto-te que chegam – podes sempre optar pelo TDI de 200 cavalos. Mas se pertences ao grupo de pessoas que não pode nem ouvir falar do nome Diesel por causa disto e daquilo e de outras coisas que não sei quê e tal, então podes comprar um Arteon híbrido plug-in, ligeiramente mais barato, com 218 cavalos e uma autonomia eléctrica combinada de 56 quilómetros. Tenho a certeza de que é uma excelente opção, mas volto a dizer, goste-se ou não, a sigla TDI continua a surpreender (ou não…) com um pulmão sempre cheio, um funcionamento refinado e uns consumos aos quais é impossível ficar indiferente.
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