Suzuki Swace 1.8 Hybrid – O simbolismo de um símbolo
Não, não é um Corolla. Mas sim um Suzuki Swace, um automóvel que é, em tudo, idêntico ao modelo da Toyota. Isto porque resulta do conceito “badge engineering”, um automóvel “igual” a um outro, mas com símbolo diferente. E por que não? Talvez não o façam de forma tão assumida a nível visual, uma vez que entre o Swace e o Corolla apenas o pára-choques e o símbolo mudam, mas são inúmeras as marcas e modelos com componentes partilhados e que, embora não o pareçam, são, no fundo, o mesmo carro.
A Suzuki não tinha, até ao momento, um modelo como o Swace na sua oferta, uma versátil station wagon, e muito menos um propulsor full hybrid tão bom quanto o da Toyota. Se ficou decidido que o caminho a seguir era este, o do rebranding, então que se unam aos melhores, usufruindo de uma longa experiência presente nos eficientes sistemas híbridos da Toyota, como também no legado rico construído pelo nome Corolla ao longo de inúmeras gerações.
Clica aqui para fazeres o download grátis da Revista Garagem
E por dentro a história não é diferente. O habitáculo do Swace é uma fotocópia do do Corolla. Mas mais uma vez, não é assumido? É. Se o quisessem esconder, não o teriam feito desta forma. E uma vez mais, “copia-se” por quem sabe ou por quem ainda anda a tentar? Parece-me fácil. O que não é fácil é encontrar as diferenças, mas também não foi isso que tentei fazer durante os dias que passei com o Swace.
O que tentei foi usufruir de um moderno familiar com um formato que não sendo moderno, faz sentido pela versatilidade que acrescenta. Um modelo que não está preocupado com os SUV ou em querer parecer ser um. E a verdade é que a nível de espaço no banco traseiro e na capacidade da bagageira, deixa muitos dessa mais recente espécie a “ver navios”. O espaço atrás é bastante bom e a bagageira não só é grande (596 litros) como tem um volume muito utilizável, capaz de acomodar quase tudo o que é indispensável no dia-a-dia ou numa escapadinha de fim-de-semana.
Bom na cidade, mas não só
E para provar que os híbridos não brilham apenas em ambientes citadinos, decidi fazer-me à estrada. Obviamente, também o utilizei no pára e arranca da cidade, mas atirei-o para estradas nacionais e para autoestradas. Subi, inclusivamente, a Serra da Arrábida. Não me privei de usar o ar condicionado e não me preocupei em utilizar apenas o modo de condução que dá prioridade à economia. Depois disto tudo, devolvi o Swace à Suzuki com o computador de bordo a marcar 4,3 l/100 km de média final, prova de que a sua eficiência não se cinge aos malabarismos urbanos.
E para aqueles que, como eu, nunca lidaram bem com a transmissão do tipo CVT, de trem epicicloidal, da Toyota, fiquem a saber que esta me parece cada vez melhor, mais refinada no seu funcionamento. Excepto, é claro, em situações de acelerações muito fortes, bastante raras em condução normal, e por isso poucas vezes me apercebi da estranha sensação de falta de linearidade entre a aceleração do Swace e a velocidade de rotação do motor. É que já nem penso nisso, tal é o conforto e facilidade de condução proporcionada. Não é a minha solução preferida e nunca o será, mas para esta finalidade, para ser fácil de usar e potenciar a eficiência, é inegável o seu contributo.
Ainda ao volante, é importante destacar o equilíbrio global da plataforma utilizada pelo Swace, disponibilizando ao condutor uma dinâmica competente e segura ao mesmo tempo que a suspensão, ajudada por “verdadeiros pneus” – com perfil que se vê e também ele capaz de ajudar a absorver as pequenas irregularidades do piso – e jantes invulgarmente pequenas, consegue oferecer a todos no habitáculo um muito bom nível de conforto. No interior, não gostei de encontrar um forro do compartimento da consola central que não é mais do que um pedaço de alcatifa “abandonada” no seu fundo, bem como alguns plásticos de qualidade duvidosa nos acabamentos da bagageira.
Ou um ou outro. Fácil
A gama do Swace é bem mais simples de compreender do que a da gémea Corolla Touring Sports. Existem apenas dois níveis de equipamento, o GLE e o GLX, contra as oito versões que a Toyota propõe para a sua TS. Também a motorização híbrida é única, o 1.8 litros de 122 cavalos, uma vez que o propulsor dois litros híbrido de 184 cavalos só está disponível no Corolla. Considerando a campanha em vigor, com desconto de 5.924 €, a Suzuki propõe a versão GLX do Swace que visitou a Garagem por 28.783 € e a versão GLE, menos recheada, por 26.948 €. Se considerarmos que o Toyota Corolla Touring Sports Hybrid de acesso à gama, de nível Active, custa 28.660 €, há, efectivamente, contas a fazer e decisões a tomar no que diz respeito a equipamento se ambas as opções estiverem “em cima da mesa”.
Não vejo problema nenhum no facto do Suzuki Swace ser, no fundo, um Toyota Corolla. Quase só vejo vantagens nesta associação. E digo quase porque este novo Suzuki tem, efectivamente, um grande obstáculo a vencer. Um que são dois, na verdade, o símbolo Toyota e o nome Corolla, ambos autênticas instituições no mercado automóvel nacional e em muitos outros, lá fora.
Visita-nos no Instagram e segue-nos.
As qualidades do Corolla estão presentes no Swace e o seu preço é apelativo, mas no lugar do símbolo está o da Suzuki e não o da Toyota. E o símbolo, como tão bem sabemos, é um dos equipamentos que os portugueses mais valorizam nos automóveis que compram e dos quais, muitas vezes, desconhecem por completo as suas origens. A origem, aqui, é excelente e o símbolo da Suzuki merece o mesmo respeito que o da Toyota. Mas isso pode não ser bom para o Swace, o facto de se basear num dos melhores do mercado.