Conduzimos o novo Jeep Compass. Evoluiu, sem dúvida. Mas será que é suficiente?
O que interessa saber, desde já, é que simpatizo muito com o Compass. Sempre foi assim. É um SUV, sem grandes aspirações a um comportamento exímio no fora de estrada, mas é, acima de tudo, um Jeep. E toda a robustez imediatamente associada a esse histórico nome da indústria de que tanto gosto, está, igualmente, presente no seu design, aqui ligeiramente revisto, o que para mim é, desde logo, um ponto muito positivo. Não era, de todo, esse o ponto fraco do Compass. Para mim, era mesmo um dos mais fortes, porque mesmo não ligando à moda SUV, o Compass sempre soube chamar a minha atenção.
Mudou mais por dentro do que por fora
Por dentro, a evolução é bem mais notória. O painel de instrumentos é agora integralmente digital, como mandam as tendências, e a informação disponibilizada é muita. Ao centro, destaca-se, em posição elevada, o novo sistema de infotainment, uma unidade superior à utilizada pelo Compass anterior, quer em definição, quer em funcionamento e recheio. Aqui, destaque para a muito útil câmara de 360 graus presente na unidade de matrícula italiana que conduzi. Ainda assim, admito que apreciava o sistema que foi agora substituído, ainda que não fosse o mais intuitivo de utilizar. Mais abaixo, os botões dos assistentes de condução e uma nova consola que acumula, de forma organizada, os comandos da climatização – também podem ser operados através do ecrã táctil – e a zona para carregamento wireless de smartphones. Indiscutivelmente mais moderno, o tablier ganhou elegância, mas parece-me ter perdido robustez, quer visual, obviamente, quer ao toque, em alguns dos seus elementos.
Os bancos são óptimos, quer à frente, quer para os passageiros de trás. Gostei, também, do volante. Embora novo para este Compass de 2021, mantém o aro grosso que permite um controlo seguro e que transmite muita confiança. Ainda bem que isto não mudou, pois combina bem com a forte identidade da Jeep. Ao volante, achei este novo Compass mais dinâmico, mais responsivo nos percursos sinuosos. Mas esta agilidade parece-me ter sido conseguida à custa de uma superior dureza do amortecimento. Apesar de me ter parecido menos confortável do que o anterior Compass que guiei, não foi, de todo, uma experiência que possa apelidar de desconfortável. Foi apenas menos confortável. Atrás do banco de trás, destaque para a abertura eléctrica do portão e para a presença de um muito útil fundo amovível que permite modificar a altura do plano de carga. Ainda na bagageira, duas luzes e uma tomada de 12 Volts complementam outras USB, USB-C, 12 V e 230 V (150 W) presentes no habitáculo. Já o pneu suplente, nem vê-lo.
O consumo. Sempre o consumo…
As icónicas sete barras verticais da grelha dianteira escondem, no exemplar ensaiado, o motor 1.3 litros Turbo, a gasolina, com 130 cavalos. Este foi o meu primeiro contacto com esta motorização sem que estivesse associada a uma transmissão automática, pelo que esperava encontrar consumos mais baixos do que em anteriores experiências. Gostei bem mais de explorar o enérgico “um ponto três” através da caixa manual, mas os consumos, ainda que mais comedidos, continuam algo elevados, principalmente se considerarmos outras propostas rivais do modelo da Jeep. O melhor registo que consegui foi 8,2 l/100 km, mas fi-lo com muito esforço. Numa condução algo mais despreocupada, em circuito misto, o valor a esperar está entre os 8,5 e os 9 l/100 km. A resposta do motor convence, mas a do acelerador merecia ser revista, pois é notório o atraso na resposta quando através dele exigimos mais do motor. Nada a que não nos habituemos e que a própria Jeep não resolva com uma nova calibração e ajustes.
Uma vez mais, neste meu reencontro com o Compass, chego ao fim com uma sensação idêntica à de anteriores experiências. É uma das propostas mais interessantes do seu segmento, com visual aventureiro a condizer com a sua personalidade SUV e, principalmente, para mim, um carácter cheio de herança Jeep. Não sei como passarão os anos pelo seu interior que me pareceu utilizar mais plásticos rijos do que previamente e acho que, como referi, a calibração do acelerador merece ser revista. Mas o Compass é espaçoso, bem equipado e com um comportamento dinâmico que me pareceu ter evoluído relativamente à última vez que o conduzi, mantendo toda a identidade do design que tanto apreciava. Evoluiu e é, sem dúvida, uma boa proposta para quem está no mercado à procura de um moderno SUV de segmento C com uma forte identidade.
O motor 1.3 de 130 cavalos tem um desempenho muito bom, estando mais do que ajustado ao encorpado Compass e para quem quiser um pouco mais de potência, existe uma versão de 150 cavalos, exclusivamente associada a uma transmissão automática. Obviamente, são de esperar consumos superiores. Por isso, e mesmo sem ainda lhe ter posto as mãos em cima, não consigo não deixar de prever que a motorização 4xe, híbrida plug-in, será uma das mais interessantes, quer pela liberdade proporcionada pela tracção integral e pela performance adicional da maior potência, quer pela possibilidade de percorrer algumas dezenas de quilómetros sem emissões. Ainda assim, não podemos esquecer a manutenção da aposta nos motores Diesel, com o revisto 1.6 litros, agora com 130 cavalos. Esta unidade que guiei, de nível de equipamento Limited, tem um preço de 36.400 €. A matrícula italiana não podes ter, mas fica-lhe bem não fica? Eu gosto.
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