Hyundai Bayon 1.0 T-GDi – Férias em França ou no Havai?
Começo por dizer que o design do novo Bayon não é para todos. Gostes ou não, acho que estamos de acordo. Partindo da frente, gosto bastante até chegar ao pilar B, zona em que a irreverência se torna demasiado para o meu – por vezes, também, exagerado, admito – conservadorismo. A separação da iluminação diurna e da principal é uma solução transversal a muitos outros modelos da Hyundai e tenho de dizer que gosto bastante, mas aquelas curvas e solução encontrada para a iluminação traseira, simplesmente não dão para mim.
Assistir à apresentação do Bayon ou vê-lo, depois, em fotografias ou vídeos, não me preparou para o que encontrei quando o fui levantar para a realização deste trabalho. O Bayon, sendo um crossover urbano, é maior do que esperava, quer por fora, quer por dentro. E isso nota-se assim que acedemos ao banco traseiro. Há espaço mais do que suficiente para as pernas e cabeça dos passageiros laterais e ao meio, para o terceiro, embora o espaço em largura seja aconselhável apenas para viagens curtas, o túnel é baixo e garante que há espaço para “arrumar” os pés.
Mais bagageira do que o Kauai
Ainda mais atrás, na bagageira, e ainda que se lamente a ausência de um pneu suplente, bem como, no caso da unidade testada, um piso amovível que permita criar um plano horizontal com o rebatimento do encosto no momento de carregar grandes e pesados volumes na bagageira, o espaço disponível é bastante bom. Com 411 litros de capacidade, o Bayon bate, inclusivamente, o Kauai que oferece 374 de volume na mala. Também na bagageira, destaque para a prática solução de fazer deslizar a chapeleira para junto do encosto do banco, tirando-a do caminho, quando necessário.
Para os passageiros da frente, e por estranho que pareça, não acho que as novidades sejam tão boas, pelo menos no que diz respeito aos bancos. Embora bem desenhados, com suporte lateral suficiente, bem como para as pernas, na zona lombar pareceram-me algo “vazios”, principalmente para as viagens mais longas em que se exige um nível de conforto superior. É verdade que o Bayon será, maioritariamente, utilizado em cidade, mas dela também sairá, nem que seja meia dúzia de vezes por ano.
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Tal como no irmão i20, modelo com o qual partilha a plataforma, no habitáculo do novo Bayon predominam os materiais rijos, embora não haja grandes reparos a fazer no que à qualidade de montagem diz respeito. O painel de instrumentos é integralmente digital, de leitura fácil, e com apresentação variável consoante o modo de condução seleccionado, Comfort ou Sport. A suspensão está claramente apontada ao conforto, e consegue-o através de uma afinação branda, boa para enfrentar os maus pisos e as lombas da cidade. Apenas em pisos verdadeiramente degradados, a suspensão do Bayon sente uma maior dificuldade em filtrar as irregularidades.
100, o número certo de cavalos para o Bayon
O motor 1.0 T-GDi é, sem dúvida, o motor certo para o pequeno, mas espaçoso, Bayon. Na sua configuração de 100 cavalos, chega e sobra para as encomendas, apenas mostrando alguma dificuldade “em sair” quando o Bayon vai carregado ou com o ar condicionado – com comandos convencionais – ligado. A velocidades mais elevadas, as vibrações do motor de três cilindros começam a fazer-se notar, mas nada que chegue para incomodar o conforto ao volante. Quanto a consumos, aí sim, gostava de ter conseguido um valor mais “confortável” do que os, quase sempre, 7 a 7,5 l/100 km que o computador de bordo mostrou.
Importa ainda referir que o Bayon pode, igualmente, contar com a opcional transmissão automática de dupla embraiagem de 7 relações no lugar da caixa manual de 6 velocidades deste “AG50TF”. Quanto a equipamento desta única versão disponível, Premium, há que destacar o já mencionado painel de instrumentos digital, a ligação sem fios compatível com Android Auto e Apple Car Play, os sensores de estacionamento e câmara traseira, bem como um insuportavelmente nervoso assistente de faixa de rodagem que, mesmo que o desliguemos, se volta a ligar no início de cada viagem.
Hora das decisões
Com uma boa oferta de equipamento, 7 anos de garantia sem limite de quilómetros, bem como com espaço e conforto adequado ao dia-a-dia de uma pequena família, o Bayon tem vários argumentos para se impor no segmento dos crossovers urbanos. E outro grande argumento seu é, sem dúvida, o preço de 20.200 € desta unidade que conduzi. Mas a concorrência é feroz, também recheada e competente, com nomes consagrados com o Peugeot 2008 e o Renault Captur e por isso não prevejo uma vida fácil a este novo modelo da marca coreana.
Concluindo um ensaio que já vai longo, o novo Bayon é uma óptima proposta da Hyundai, mas mesmo considerando o seu preço mais apelativo e, inclusivamente outros pontos em que o Bayon leva vantagem, não consigo não preferir o original e globalmente superior, Kauai, quer a nível da imagem – ainda que seja uma observação subjectiva – quer ao nível da condução. Não me importava nada de passar férias no sudoeste de França, na cidade que dá o nome a este novo crossover, mas visitar uma ilha no Pacífico, ainda que um exija mais investimento, parece-me um plano bem melhor.