Mach-Eau GT: Cheirinho a gasolina num Mustang eléctrico
A Ford anunciou ter criado uma fragrância premium para os clientes Mustang que anseiam pelos níveis de performance esperados da versão eléctrica Mach-E GT, mas que, por outro lado, ainda não querem abdicar dos cheiros evocativos dos modelos a gasolina mais tradicionais. Não vai estar à venda no circuito comercial, pelo que assumimos que seja assim como que um mimo que a marca vá dar aos seus clientes, à laia de compensação pela perca da essência desses – já quase saudosos – motores de combustão.
Numa fase em que a transição energética está cada vez mais presente no nosso quotidiano, seja pelo crescendo de vendas de veículos eléctricos – ainda que sem o correspondente acompanhamento nas mesmas percentagens em termos de infraestruturas de carregamento – ou porque estará anunciada a execução sumária desses motores térmicos na Europa – a EU já veio a terreiro dizer que assim quer que aconteça até 2035, data, a partir da qual não se podem vender carros novos com motores térmicos, mesmo os de componente híbrida – há que arranjar, o quanto antes, umas quantas memórias que permitam que, durante mais algum tempo, possamos apreciar as qualidades inigualáveis da essência da gasolina.
Desvendada no Goodwood Festival of Speed, evento que teve lugar há dias, a nova fragância foi concebida para ajudar a conduzir estes condutores rumo ao futuro, através das suas capacidades olfactivas. Mas em vez de simplesmente cheirar a gasolina, pura e dura, a essência Mach-Eau foi concebida para agradar ao nariz de um qualquer utilizador, resultado da fusão de elementos como o benzaldeído, um aroma semelhante ao da amêndoa, e o para-cresol, fundamental na criação do aroma aborrachado dos pneus, misturando-os com ingredientes como o gengibre azul, lavanda, gerânio e sândalo, sendo-lhes acrescentados aromas metalizados e de fumo, ou até mesmo um fator “animal”, sublinhando a herança Mustang e o carácter topo de gama da fragrância.
Num inquérito encomendado pela Ford a especialistas no tema, 1 em cada 5 condutores afirmou que o cheiro a gasolina seria aquele que que mais iria sentir falta quando tivesse de trocar para um veículo elétrico, sendo bem mais popular do que o vinho ou o queijo, atingindo percentagens quase idênticas às alcançadas pelo cheiro que provém de livros novos.
Uma tendência que vem de longe
Não é inédita esta tendência para a criação de essências a cheirar a borracha, gasolina ou outros líquidos / elementos peculiares que encontramos num automóvel. A Volkswagen fê-lo, há uns anos, com o “Memoire de Pétrole”, essência inspirada nesse característico cheiro que se agarra às nossas mãos sempre que vamos à bomba, mas com um toque bem mais refinado. Afinal, pretendeu-se a sua utilização na pessoa, pelo que não convinha nem arranjar uma alergia tópica, nem estragar a farpela! Tratou-se, na altura, de uma acção de charme dos estrategas da casa alemã para o então lançamento do original Golf eléctrico, modelo que, não tendo de ir à bomba abastecer do precioso – e cada vez mais caro líquido – privava o comum dos mortais desse odor tão característico.
Também há uns aninhos, a WD-40 anunciou ter adicionado ao seu catálogo a eau de toilette “WD-40 Pour Homme”, bem como o respectivo after-shave, caso que veio a revelar-se tratar-se, apenas, de uma mentira de 1 de Abril da marca. Outra foi o “Parfum Castrol R30”, solução líquida que nunca passou à realidade.
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Mais real foi a colecção “Series 6”, da griffe japonesa “Comme des Garçons” – pois, dito assim soa uma “beca” estranho – cujo catálogo tinha o “Syntethetic Garage”, que misturava essências de querosene, óleo lubrificante, borracha e plástico, entre outros componentes mais florais, para compensar. Diziam, na altura, os seus responsáveis que “o cheiro a oficina automóvel oferece a quem vive na cidade todo um mundo de mecânicas de elevado custo, bem como um grande poder de atracção e de conquista”, para uma colecção que era coerente com as restantes essências que replicavam cheiros artificiais de alcatrão, soda, peles plastificadas e produtos químicos da limpeza a seco.
O perfume como elemento diferenciador das boutiques das marcas
Carteiras, malas, porta-chaves, chapéus-de-chuva, peças de roupa, óculos de sol, acessórios para desporto, máquinas de barbear e até de café, entre muitos outros artigos, enchem as cada vez mais variadas boutiques, físicas e online, de muitas empresas. São ideias mais ou menos conseguidas, em que os respectivos marketeers associam a imagem de determinados objectos aos consumidores, clientes ou não da marca, levando a que estes os exibam, transportando-os para os mais diversos locais e ambientes, uma valiosa publicidade, em que o custo de investimento para a marca se vê recompensado com um garantido retorno.
Mas há artigos que são menos notados ao olho humano, quanto mais não seja porque é outro o sentido despertado, no caso o olfacto. E não falo de ambientadores para dar cheirinho aos interiores de viaturas, mas sim dos verdadeiros perfumes e eau de cologne, dos que usamos em nós próprios, para aquele toque adicional. São muitas as marcas que os têm nas suas boutiques, desde os construtores mais premium, a outros mais generalistas, resultados de colaborações com os mais prestigiados estúdios de perfumistas.
Mach-E GT quase a chegar, junto com o Mach-Eau GT
Voltando à vaca fria, tendo em conta que 24% dos inquiridos no inquérito que referimos acima disse que vai sentir falta da performance associada aos carros a gasolina, na eventualidade de terem de abdicar dos mesmos, o 100% elétrico Mustang Mach-E GT quer ajudar a ultrapassar esse sentimento de saudade, pelo que chega com 487 cv de potência e 860 Nm de binário, valores que lhe asseguram uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,7 segundos, elevando a um novo patamar o prazer de condução da Ford.
Há mercados que já o têm disponível para encomenda online, algo que em Portugal estará para acontecer em breve. Aguardemos para saber se vem a cheirar à fragância Mach-Eau GT!
Fotos: Oficiais / Ford, Volkswagen, Mercedes-Benz, Mazda, Bentley, Jaguar