Volvo V90 T6 Recharge – Simplesmente magnífica
Já exprimi, por diversas vezes, a minha admiração pela Volvo, pela actual e pela de outrora, pela sua obsessão pela segurança, bem como pelos inconfundíveis automóveis que lançou ao longo dos seus 94 anos de história. Mas eis que 1927 já lá vai, e os míticos Volvo quadradões que marcaram uma época são agora modelos clássicos com uma grande legião de fãs, chegamos a 2021 a Volvo nas mãos dos chineses da Geely (dados os recentes rumores, veremos se assim mantém). Muitos o temeram, eu incluído, mas esta integração no gigante asiático foi o melhor que podia ter acontecido à singular marca sueca.
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Na minha opinião, a Volvo tem uma das gamas mais bonitas da actualidade. Não há um modelo de que não goste bastante, inclusivamente os SUV, sendo que a minha preferência decresce com a subida de gama. Acho o XC40 lindíssimo, gosto bastante do XC60 e acho o XC90 – demasiado grande para as minhas necessidades – bem mais bonito que qualquer um dos seus rivais. E se quase sempre prefiro uma berlina de quatro portas à sua variante station wagon, tenho de abrir uma excepção no caso da Volvo, pois as suas carrinhas ocupam um lugar especial na história do automóvel.
V90, quase 5 metros de carrinha
Esta V90 é a maior carrinha que a Volvo vende actualmente, e tal como nos SUV, preferia uma mais compacta, mas ainda espaçosa, V60, em especial na sua aventureira versão Cross Country. Por outro lado, é impossível não ficar impressionado com a elegância destes quase 5 metros de magnificência sueca, elogio que aplico a qualquer ângulo pelo qual a admire. Aos meus olhos, não lhe encontro defeitos de design e arrisco-me a dizer que é praticamente impossível configurar mal um Volvo novo. Há configurações mais felizes do que outras, mais bem conseguidas, mas duvido que o resultado final seja, alguma vez, mau. Feio, entenda-se.
Prolongo ao habitáculo as mesmas palavras com que descrevi o exterior. Classe, elegância, qualidade de execução e puro bom gosto combinam-se de forma exímia através de diferentes materiais, de cores e texturas contrastantes. Condutor e passageiro da frente podem usufruir dos excelentes bancos sempre presentes nos modelos da Volvo e os de trás do muito espaço livre para pernas. O túnel central, nesta plataforma electrificada, é bastante volumoso e por isso o lugar central nunca será tão cómodo como os laterais, onde apenas gostaria de ter encontrado um assento mais comprido para suportar melhor as pernas.
Voltando ao lugar do condutor, nesta versão T6 híbrida Plug-in, este tem ao dispor uma potência conjunta de 340 cavalos e um colossal binário de 590 Nm. Não é por isso de estranhar que, apesar de pesar para cima de “muito”, esta versátil e luxuosa carrinha consiga acelerar de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos. O poder de aceleração pode até não ser acompanhado de muita emoção – esse não é o seu objectivo – mas puxa como um comboio, meio de transporte com o qual também é comparável a alta velocidade, de tão boa que é a insonorização e estabilidade. Apesar do andamento impressionante, não se espere encontrar uma carrinha dinâmica na V90. E ainda bem. Serenidade, segurança e conforto são prioridades, mostrando-se imperturbável perante a mais longa e exigente das viagens.
Boa autonomia eléctrica
Tratando-se de um híbrido plug-in, é essencial que proceda ao carregamento da bateria para melhor se usufruir das suas vantagens. A Volvo declara uma autonomia eléctrica de cerca de 55 quilómetros, valor que não atingi porque fiz o teste com pouco mais de 80% de carga da bateria. Ainda assim, arranquei com 35 quilómetros de autonomia, número que estiquei até aos 46 quilómetros, altura em que o motor dois litros, com turbo e compressor, acordou. Anulei o computador de bordo e fiz o restante ensaio em modo Hybrid, deixando a regeneração e utilização da energia eléctrica serem decididas pela V90, algo que não aconselho a quem pretende usufruir de um automóvel PHEV. Mas no interesse da ciência, fiz o teste e cheguei ao fim do ensaio com uma média de 8,5 l/100 km. É elevado? Podia ser pior, considerando o peso e potência deste impressionante automóvel. Mas um Plug-in é para ser carregado. Sempre que necessário, sempre que possível, claro.
Ao volante, preferia ter encontrado um campo de visão mais aberto junto do grande retrovisor exterior, mas reconheço que perante tantas qualidades, este é apenas um pequeno defeito ou, se preferirem, limitação de um magnífico automóvel que, como disse, convida à descoberta das melhores estradas, rotas e destinos, respondendo à altura das exigências, com uma capacidade de rolamento acima da média, com equipamento de conforto como os bancos aquecidos e o melhor sistema de som de que já tive oportunidade de desfrutar, e com muito espaço para quatro passageiros e respectivas bagagens. Repito, acho os SUV da Volvo muito bonitos e os S60 e S90 visualmente soberbos, mas uma carrinha Volvo é especial. É, desde há muito, e continua a ser. Não deixem de as fazer, por favor. Ainda que esta custe para cima de um dinheirão, que é como quem diz, pouco mais de 83 mil euros. Mas está tudo à vista. E que vista.