Mazda 3: mas é que é mesmo muito bom!
A Mazda tem, indiscutivelmente, alguns dos melhores carros do mercado. O Mazda 3, então, é para mim um dos melhores. Motor eficiente, estética e condução no ponto.
Que o nosso sistema fiscal penaliza muito os carros com cilindradas altas já todos sabemos. E embora já seja considerável, 2 litros não é propriamente alto – para os americanos e árabes deve ser a cilindrada de um corta-relva. Para nós, no entanto, já faz com que o preço de um excelente carro, como o Mazda 3 com o motor e-Skyactiv X, fique a concorrer com marcas mais estabelecidas.
Mas o que importa aqui dizer, primeiro de tudo, é que se procurares um carro com um motor 2 litros vais pagar mais. E não vais receber um motor tão eficiente e tecnológico como o e-Skyactiv X. Especialmente numa altura em que toda a gente só pensa em SUV.
Preço
Comecemos por tirar isto de cima. Este Mazda 3 e-Skyactiv X com 186 cavalos, caixa manual, estofos em pele e nível de equipamento Excellence, custa 38.640 €. Um preço bastante bom! Ainda para mais tendo em conta o que recebemos. Pessoalmente, creio que a versão com Evolve Pack Active + Sport será a melhor. É o mesmo carro mas sem os bancos em pele e o tecto de abrir eléctrico e um preço incrível de 34.400€. Se compararmos com a concorrência, então, percebe-se que é dos melhores.
E não digo isto apenas pelo preço. A qualidade de materiais e construção são premium. O carro é confortável e conduz-se tão bem e é tão bom que a pergunta que eu faço sempre é: mas porque raio as pessoas não compram o Mazda 3? Especialmente com este motor. É um 2 litros, mas fiz um consumo médio na ordem dos 6,6 l/100 km. Valor mais altos que um Diesel, é certo, mas que são equiparáveis a um “mil e duzentos” em cidade. Em cidade, sobe para os 8 mas fora dela e a ritmos calmos, baixa bastante. Se preferires um motor mais singelo, mas o mesmo carro, tens a versão e-Skyactiv G com um 2 litros de 150 cavalos por menos 2.000 e poucos euros.
Motor
Claro que o “problema” é o motor. Aliás, os impostos que esta cilindrada sofre. Se a Mazda fizesse um motor mais pequeno, com turbo, o preço seria muito mais interessante e aí, então, não haveria concorrência. Mas a Mazda tem outros mercados em mente. Mercados que não penalizam a cilindrada. Isto não significa, atenção, que não estejam atentos ao futuro, nomeadamente aos eléctricos – o MX-30 é muito bom – e aos híbridos. Estão quase a chegar novidades, pelo que sabemos.
Este e-Skyactiv X tem o auxílio de um motor híbrido ligeiro, mas tem o mesmo “problema” dos outros híbridos ligeiros todos. Aquilo não se sente e a eficiência que permite não justifica os custos de produção. Mas é um 2 litros atmosférico com quase 190 cavalos, o que significa que é uma delícia de conduzir. Acelera progressivamente e se o esticarmos ao redline o som é uma maravilha. Mas é nos médios regimes que ele se porta como deve ser. A sua tecnologia imita um carro a gasóleo sempre que possível, em regimes baixos e médios e só quando se puxa mais por ele é que recorre à ignição por faísca. Isto dá-nos níveis de eficiência muito bons, sem sacrificar a condução ou disponibilidade do motor.
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O binário é de 240 Nm às 4000 rotações, mas nunca sentimos falta de força a partir das 2000. Isto permite usar o motor quase como um Diesel. Consegue conduzir-se perfeitamente à volta desses regimes. Parece mesmo um motor a gasóleo. Os ganhos em eficiência são bons, sem perdermos qualidade de condução. O consumo mantém-se aceitável se conduzirmos normalmente e de forma suave e temos potência para as alturas em que é necessário. Basta pisar o acelerador e sentir o motor a ganhar rotação. Não é a mesma coisa que um MX-5, mas vê-se que no caso da Mazda, na casa deste ferreiro o espeto é de ferro. Uma aplicação curiosa de um ditado popular, mas que faz todo o sentido.
A caixa de velocidades é suave e com uma utilização “à la roadster“, com uma embraiagem que se controla quase com a mente. Isto faz com que quase nos sintamos com uma caixa automática. São mestres neste campo, não há nada mais a dizer.
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Design
Aqui, embora seja subjectivo, é indiscutível que toda a gente olha. Admito que possa parecer estranho à primeira vista, mas isso é por falta de hábito. Ver uma obra de arte pela primeira vez também nos deixa assim confusos. Para mim, o design está maravilhoso. Praticamente não tem arestas, mas ao mesmo tempo todo ele está perfeitamente seccionado. Não consigo explicar muito bem. É uma espécie de “não devia funcionar mas funciona tão bem que até dói”.
A Mazda sabe fazer carros, não tenhas dúvidas. Sabe desenhá-los e tem uma mecânica de excelência. Queria (e quero) ver mais carros destes nas estradas. Nós merecemos. Deixo uma ideia à Mazda. Peguem no Mazda 3, tal e qual como está, e espetem-lhe um motor eléctrico assim com 200 cavalos com umas baterias para uns 400 km.どういたしまして!