Citroën C3 Aircross 1.5 BlueHDi – Roupa de cidade, para sujar no campo
Depois de termos estado na apresentação nacional, voltámos a encontrar-nos com o actualizado C3 Aircross, o crossover de segmento B da Citroën, um modelo cujos argumentos foram agora modernizados para enfrentar a forte concorrência, seja ela interna, sob a forma do Peugeot 2008, ou a conterrânea através do Renault Captur, ou a vizinha, graças ao SEAT Arona. Isto para enumerar apenas três dos rivais do C3 Aircross, naquele que é um dos segmentos obrigatórios para qualquer marca com fortes ambições comerciais.
E um dos truques que este Citroën esconde na manga é uma superior capacidade para o fora de estrada, algo pouco comum neste segmento de mercado, embora a superior altura ao solo de todos crossover urbanos possa indicar o contrário. O C3 Aircross é uma das raras excepções em que o aspecto robusto e aventureiro se traduz, na realidade, numa maior liberdade de utilização comparativamente ao citadino no qual se baseia, neste caso o C3, modelo que levámos, recentemente, em viagem até ao Norte de Portugal.
Assim, para aqueles que procuram um pequeno SUV para a cidade, mas cuja ideia de férias e escapadinhas de fim-de-semana é ir até ao campo, o C3 Aircross é capaz de ser a escolha ideal. Não só a altura ao solo transmite a tranquilidade necessária para enfrentar caminhos mais desagradáveis, como o sistema Grip Control se encarrega de gerir a tracção – apenas às rodas da frente – através dos vários modos seleccionáveis, específicos para vários tipos de piso. Para além disso, conta ainda com a função de controlo da velocidade em descida. Não estamos na presença de um verdadeiro todo-o-terreno, atenção, mas a sua versatilidade de utilização é inegável.
E versátil é, igualmente, um adjectivo que posso prolongar ao habitáculo, em grande parte idêntico ao do C3 com o qual convivi há um par de semanas, mas mais espaçoso, principalmente nos centímetros livres em altura. O banco de trás é reclinável e deslizante, permitindo optar por oferecer mais espaço para as pernas dos passageiros ou um maior volume de carga na bagageira. Ainda atrás, destaque para as janelas que abrem totalmente. Os bancos são tipicamente Citroën, ou seja, muito confortáveis. A suspensão, como seria de esperar, não é diferente, embora esta me tenha parecido com amortecimento ainda mais suave no caso do irmão C3.
Quanto a motores, se vais fazer muitos quilómetros nas tuas deslocações diárias e escapadinhas aventureiras de fim-de-semana, então a vantagem deste Diesel é inegável. Quando associado à caixa manual, o motor 1.5 BlueHDi produz 110 cavalos, mas no caso deste C3 Aircross Shine com caixa automática EAT6 a potência é de 120 cavalos. Os consumos são baixos – terminámos o ensaio com 5,3 lt/100 km – mas o motor 1.2 PureTech, a gasolina, mesmo tendo um pouco mais de sede, é uma unidade bem mais agradável de utilizar e que não exige tanto da insonorização durante as fases de aceleração como este Diesel. Bom, sem dúvida, mas apenas justificável se passares mais tempo ao volante do que é normal.
A gama do novo C3 Aircross distribui-se por quatro níveis de equipamento: Feel, Feel Pack, Shine e Shine Pack. Pelo meio, destaque ainda para a edição especial C-Series, a única disponível, para além da “nossa” versão Shine, com a combinação motor Diesel e caixa EAT. O Citroën C3 Aircross é, sem dúvida alguma, um dos crossovers de segmento B com mais personalidade, bem como com uma capacidade, acima da média, de se aventurar fora do alcatrão. Mas o meu C3 Aircross ideal é a gasolina, com 130 cavalos e a “mesma” caixa automática EAT de 6 velocidades. Custa 24.450 euros, quase menos 3.000 euros do que este ligeiramente mais poupado BlueHDi. Fácil.