Peugeot 5008 1.2 Puretech: ainda dizem que peixe não puxa carroça!
Esta metáfora só funciona se o peixe – mais leve e saudável – for a gasolina, e a carne o gasóleo. Mas para o efeito, funciona. É um carro grandote, com espaço para uma família de 7 mas é movido por um pequeno motor de 1.2 litros. O equivalente a 4 garrafas de água pequenas em linha.
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Desculpa-me o excesso de ditados, mas este Peugeot 5008 1.2 Puretech é caso para dizer que “o cavalo é pequeno mas carrega bem a albarda”. Obviamente, isto não é nenhum ditado popular. Quer dizer. Até pode ser, porque eu faço parte da população e acabei de o dizer. É um ditado deste popular, vá. Mas o que importa é a substância e, essa, é de facto, impressionante. Um motor tão pequenino – um simples 1.2 litros com um turbo e 130 cavalos ligados às rodas por uma caixa automática de 8 velocidades – consegue mexer bastante bem este SUV familiar de 7 lugares. O facto de ser um motor singelo ajuda a poupar no peso, claro, mas ainda são 1600 kg, fora o condutor.
O Motor
É a gasolina, pronto. Isto não abona a favor. Mas mesmo sem o binário do Diesel, a coisa vai lá. Eu ao início até pensei que fosse o 1.5 a gasóleo. Dava-me essa sensação, pronto. Depois é que fui confirmar e fiquei espantado. Não que este motor não seja bom. É bom, é. Mas é algo que esperamos “enfiado” debaixo do capot de um citadino ou familiar compacto. Um 208, um 308 no máximo, vá. O Peugeot 208 com o mesmo motor pesa menos 300 quilos. E isso é muito. Se por cada 100 kg de peso adicionado um carro consome entre 0,5 a 1 litro de combustível a mais, é fazer as contas. E eu confirmei isso mesmo.
Não estou a dizer que este 5008 consome demais. Nada disso. Consome o esperado desta conjugação de motor pequeno para carro grande. Na ordem dos 8 litros aos 100 km em cidade e menos um fora dela. Em condução cuidada. Mas isto não importa, até porque se tiveres uma família de 7 não vais comprar um 208. A não ser pela piada. “Malta, vamos à praia. Os últimos a chegar ao carro ficam em casa. O avô também joga!” ou então “Vamos ao drive in. Apertem-se! E não quero ver migalhas no chão”.
Este carro, nesta versão a gasolina, eu diria que é adequada às famílias grandes que não fazem assim tantos quilómetros por ano. Entre 10 a 15 mil, vá. Ou, até, menos. Pelo preço desta versão GT, com bastante equipamento e qualidade, se escolheres o motor a gasóleo equivalente pagas mais 3.400€. Não me parece que vá compensar e se não fizeres viagens mais longas regularmente, estás mais a estragar do que outra coisa.
Condução e interior
Quanto à condução e qualidade dos materiais, posso dizer que achei este 5008 melhor do que o irmão mais pequeno 3008. Apesar de maior, conduz-se melhor. Estranho, eu sei, mas a vida às vezes tem destas coisas. Mais suave, com menos esforço, o que faz sentido dada a vertente ainda mais familiar. Já custa orientar tanta coisa com tanta gente, se depois conduzir também é um castigo, então não há paciência que aguente. Quanto aos materiais e construção, talvez tenha a ver com a unidade de ensaio. Isto é como tudo; às vezes uns saem melhor que outros.
Voltando à condução, e para que me entendas melhor, o que eu quero dizer com “conduz-se melhor que” é, em boa verdade, um tanto faz. Se não precisas de tanto espaço e 7 lugares, então vai para o 3008, naturalmente. São menos 2000€ de custo e 100 kg de peso. Embora prefira a condução do 5008, a do 3008 não é má. É só menos “family friendly”, se quisermos. Tem um pouco mais de peso na direcção, sente-se mais o chassis, mas nada que importe assim tanto. Não são propriamente carros para despertar o prazer de condução. Têm outra função.
Quanto aos materiais, este 5008 GT vinha com os bancos em pele, os apliques do tablier e portas em madeira (ou uma imitação, mas com muito bom aspecto), tudo bem montado e com um bom toque. Não é perfeito, mas é bom. Espaço para dar e vender – se bem que não o aconselho a fazer; é que depois tens de andar sempre com alguém atrás que não fazes ideia quem seja – tanto para arrumação como nos próprios lugares. Deste, são 7, como já referi, e o equipamento de série é muito completo.
Trazia alguns extras, como a visão nocturna, que eu achava dispensável e inútil, até me te avisado e mostrado uma pessoa a andar no passeio numa rua escura que eu não tinha visto. Ainda assim, para a quantidade de vezes que fará a diferença, os 1.200€ não valem. A abertura automática da bagageira é capaz de dar jeito, especialmente quando vais com um saco numa mão, uma criança na outra e um bebé ao colo. Mas para a abrir é necessário tirar um pé do chão e abanar a perna por debaixo do pára-choques… algo que eu não aconselho a fazer quando estás nestes malabarismos. Era mais fixe se fosse tipo por voz. “ABRE! ABRE!” completamente em pânico, quase com os pacotes de leite a cair do saco e um filho a puxar-nos pelo braço para ir apanhar o cocó de um cão, ou lá o que fazem.
Concluindo, é um bom carro para a família e, aparentemente, para os condutores de TVDE. Um senhor que estava ao telemóvel e a olhar para o carro veio ter comigo, estava eu dentro do dele, parado, e perguntou-me o que achava. Ainda bem que eu estava agradado, até porque o senhor já tinha encomendado um “igualzinho a este. É o GT Line. Espera aí que eu já te ligo!”. Espero que faça muitos quilómetros e que tenha encomendado os bancos em pele, porque a sujidade assim sai melhor.