O melhor carro do mundo é o que nos ajuda quando mais dele precisamos
Muitas vezes me perguntam o que é que anda por aí que seja bom. “Epá, ó Isaac, quero comprar um carro novo. O que me aconselhas?” Embora pareça que a resposta é simples, porque estou, o mais que posso, por dentro das novidades, não é fácil ter uma resposta imediata. Primeiro porque a carteira não é minha e não sei até que valores podemos ir nessa procura. Depois, porque aquilo que para mim é bom, pode não ser para essa pessoa. Depende daquilo que valorizamos, daquilo que procuramos num automóvel. Há, ainda, a questão da ligação, ou falta dela, à marca. Por isso, é essencial perceber o que é prioritário, aquilo a que o novo bólide terá de saber responder, no meio de uma oferta que é, felizmente, vasta. No entanto, as dificuldades em ter uma resposta rápida à questão que me colocam não se ficam por aí. Isto, para quem esperava que eu apontasse para um carro e dissesse “este é boa compra” ou que enumerasse marcas e modelos e assim responder à questão. Mas a verdade é que já não há automóveis maus. Como já o disse no passado, há melhores e piores, mais adequados a este ou àquele fim. Sim, isso existe, claro, mas maus? Não os há.
Por isso raramente consigo ajudar como a pessoa em causa esperava. Respondo, dou sugestões consoante o que me dizem ser importante. Tento perceber quanto pretendem gastar sem me meter nas contas lá de casa. Sem dizer que devem cancelar canais premium ou jantar menos vezes fora para justificar comprar a versão XPTO cenas ou o motor com bielas feitas em diamante. Tento ser pragmático e colocar-me no lugar dessa pessoa para quem o automóvel é o electrodoméstico mais amigo do fisco de todos, aquele que o leva para o trabalho para ganhar “algum” que é depois usado para o alimentar com gasolina a 2 euros por cada litro. E no fim da minha pesquisa mental ou digital, não só a pessoa não ficou satisfeita com as minhas sugestões, ficando a pensar: “epá, este tipo afinal não percebe nada disto”, como acaba por comprar um SUV só porque sim. Então aí, também eu fico insatisfeito. Se se quer um carrito para as voltinhas, sai um SUV. Se a familia é grande, sai um SUV. Se faz ciclismo, adivinhem lá? Um SUV, pois claro. E não digo isto porque tenha algo contra o SUV, ou pouca vontade de ajudar – algo que faço com todo o gosto – mas porque a pessoa já sabia, de antemão, que modelo ia escolher. E era um SUV.
“Ó Isaac, então e a Dacia? Vale alguma coisa?” Pois é, no meio disto tudo temos o justo caso de sucesso da Dacia. A marca low cost que, neste momento, tem outros argumentos para além do preço imbatível. Os modelos estão cada vez mais apelativos e são, na verdade, todo o automóvel de que precisamos, mesmo que não o admitamos. Não são os melhores automóveis do mercado, mas são dos que mais valor têm. O que oferecem, considerando o que custam, colocam-nos num nível inatingível pelas restantes marcas. É uma aposta mais do que ganha, com números de vendas que falam por si. Já orientei amigos e família na direcção dos Sandero e Duster e não só quem os comprou está muito satisfeito, como recentemente também eu fiquei eternamente agradecido à Dacia e ao seu novo Sandero, carro que foi, naquele dia, o melhor carro do mundo, com os seus plásticos rijos e preço canhão. E canhão, também, porque os seus 100 cavalos deram tudo o que tinham, e foram enormes, numa situação de emergência que vivi há alguns meses. O novo Sandero passou pela Garagem nesse dia em que o meu Pai estava na iminência de entrar numa situação médica complicada e que nos obrigou a apontar ao hospital sem aguardar pela chegada de uma ambulância.
Contactei a linha Saúde 24 através da ligação Bluetooth do Sandero e arrancámos em direcção ao hospital a todo o gás. E sim, o Sandero tinha o motor Bi-Fuel, a GPL. Seguindo as instruções que me iam sendo transmitidas e informando-os do estado de saúde do meu Pai, o Sandero foi incansável a fintar as filas de trânsito e semáforos, de “quatro piscas” ligados, com a buzina constantemente a fazer barulho, mais utilizada em 15 minutos do que no resto de vida útil deste enorme Sandero, que foi quase sempre de acelerador esmagado até à porta das urgências. Não estraguei, mas abusei porque precisei de abusar. E dada a situação, tirei-o da sua zona de conforto e ele não se negou a nada. Chegámos ao hospital em menos de 15 minutos, mesmo com plásticos rijos e preço low cost. O Sandero foi perfeito. Foi o meu Pai quem fez a revisão deste texto. Porque tudo correu bem. Porque o Sandero foi, naquele dia e como disse anteriormente, o melhor carro do mundo. Ajudou-me quando precisei.