Renault Arkana TCe 140 EDC – Um SUV C, com base B e visual coupé
Como prometido, depois de ter estado na sua apresentação nacional, voltei a encontrar-me com o Renault Arkana para um ensaio mais prolongado. Também o Rafael já teve oportunidade de o fazer há umas semanas, tendo estado ao volante da versão híbrida E-Tech. Podes reler esse ensaio aqui. Por isso, para este reencontro, escolhi a também eletrificada – porém em configuração mild hybrid – versão TCe com motor 1.3 Turbo, a gasolina, com 140 cavalos, associada a uma transmissão EDC de 7 velocidades.
Esta motorização nunca será tão eficiente quanto a E-Tech, já que essa recorre a um propulsor híbrido “a sério”, capaz de fazer o Arkana andar sem quaisquer emissões de escape. Mas este TCe poderá ser uma melhor proposta para quem não passe assim tanto tempo na cidade. Ou para aqueles que não fazem assim tantos quilómetros para justificar o maior investimento no Arkana híbrido, cerca de 1.500 € para versões equivalentes. Até ao momento, a título de curiosidade e com poucos meses de serviço activo no mercado nacional, o Arkana E-Tech leva ligeira vantagem sobre o TCe aqui analisado.
Maior do que o Captur
Assente sobre a plataforma CMF-B do Captur, o Arkana aponta, no entanto, ao segmento C. Para além de uma silhueta mais premium, a de um SUV com linhas de coupé, o Arkana aposta numa maior distância entre eixos, bem como num maior comprimento total, com benefícios ao nível do espaço para pernas no banco traseiro e na bagageira. Isto apesar do Captur contar com um banco traseiro deslizante que permite jogar com o espaço livre lá mais atrás. A bordo do Arkana, e apesar do visual desportivo da secção traseira, os passageiros de trás não precisam de viajar encolhidos, havendo espaço suficiente para a cabeça.
Na frente, para condutor e passageiro, destaco a sensação de qualidade transmitida pelos materiais, bem como os efeitos positivos que a decoração desportiva deste R.S Line trazem ao habitáculo. Principalmente a linha vermelha que se mostra um pouco por todo o lado, bem como os plásticos do tablier com efeito de fibra de carbono. Os bancos, com função de aquecimento, são bastante confortáveis e, também eles, contribuem para o maior dinamismo deste Arkana de inspiração desportiva.
Um pouco mais rijo, um pouco mais dinâmico
A posição de condução é assumidamente elevada e não é, desde logo, a indicada para quem procure uma maior ligação com a condução. E esse parece ser um dos objectivos desta inédita proposta da Renault. Ser mais emocional, com um comportamento que, sem o podermos apelidar de envolvente ou desportivo, parece sempre mais focado na dinâmica do que, por exemplo, o do Captur. Porém, não me parece que a aparente maior rigidez de amortecimento beneficie assim tanto a sua agilidade. Isto porque a Renault sabe muito bem como definir um amortecimento equilibrado entre conforto de rolamento e movimentos controlados da carroçaria, parecendo-me, por isso, desnecessária. Ainda assim, o conforto a bordo mantém-se em bom nível.
O motor “um ponto três turbo” já me era familiar, mas gosto sempre de o reencontrar. Suave, disponível e possante, dá ao volumoso Arkana um andamento muito interessante através dos seus 140 cavalos e 260 Nm de binário. É, igualmente, silencioso, só se fazendo ouvir, e bem, a partir dos médios-altos regimes, onde raramente vamos. A caixa EDC está também à altura do que se exige numa utilização normal, contando com patilhas se pretendermos ter outra liberdade de utilização. Os consumos não são brilhantes, mas também não são chocantes ao ponto de dizer já que o híbrido é melhor opção, tendo fechado o ensaio com uma média combinada de 7,5 l/100 km.
O estilo paga-se
Falando de preços, e considerando a versão R.S Line que conduzi, a Renault pede 36.900 € pelo Arkana quando equipado com o motor TCe 140 associado à caixa EDC. É um produto com qualidades indiscutíveis, recheado e com um bom e potente motor, mas que, na verdade, o que tem de mais diferenciador relativamente ao popular Captur é o seu estilo muito próprio, normalmente associado ao segmento premium. No entanto, um popular Captur, com nível de equipamento equivalente e com a mesma combinação de motor e caixa, tem um preço base de sensivelmente 30.000 €. Bastante menos, portanto. E também há em versão híbrida. Aliás, o Captur pode até ser plug-in, tecnologia que traz consigo outros argumentos. No meio de várias virtudes e alguns pontos menos bons, o grande problema do Arkana é, muito provavelmente, a existência do Captur.
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