Q3 45 TFSIe: Conduzimos o SUV híbrido plug-in mais barato da Audi
Reconheço que o Audi Q3, nesta configuração base, bem como com uma discreta cor como este preto a vestir a sua carroçaria, possa tornar-se excessivamente anónimo. Mas num mundo dominado por idênticas carroçarias SUV e crossover, dar por mim ao volante de um modelo de segmento premium que não é branco, que não tem vidros fumados, nem tão pouco usa jantes de 22 polegadas, foi algo que recheou a minha semana com uma muito bem recebida dose de sobriedade, uma combinação quase perfeita para aqueles que, como eu, apreciam um automóvel de qualidade, mas que gostam, igualmente, de passar despercebidos.
Este mais discreto Q3 dispensa, por isso, elementos como os frisos cromados e as jantes grandes, mas a verdade é que, como referi, não senti falta de mais, precisamente porque apesar de contar com um acabamento, em teoria, menos premium, não perdeu “nadinha” da sua inegável e imediata sensação de solidez e de qualidade, igualmente presente em boa dose, como se espera de um produto da marca dos quatro anéis.
Um habitáculo menos recheado, mas onde é bom estar
E esse elogio da qualidade é algo que prolongo ao habitáculo, onde bancos de desenho simples, forrados a tecido, cumprem bem a sua tarefa e onde a escolha de materiais e execução da montagem não deixam quaisquer margens para dúvidas sobre a robustez de um habitáculo Audi, na minha opinião, do melhor que se faz na indústria, inclusivamente a nível estético. Neste campo, tenho apenas de destacar os botões dos vidros eléctricos, com um toque “mais barato” e difíceis de utilizar sem accionar a função automática. A rever.
A posição de condução é óptima e o tablier é dominado pelo painel de instrumentos digital, bem como pelo ecrã do infotainment com excelente grafismo. Na consola, teria gostado de ver um punho da caixa um pouco mais elegante, mas isso, se calhar, sou eu a ser esquisito. Para quem viaja no banco de trás, são boas as notícias, sendo possível regular a inclinação do encosto para melhor desfrutar do muito espaço livre. O banco traseiro pode, igualmente, ser regulado longitudinalmente, jogando com o espaço livre para as pernas ou na bagageira, com 380 litros.
Um reencontro sereno
Não conduzia um Audi Q3 desde a sua apresentação internacional nos Alpes, num estupendo evento organizado pela Audi no norte de Itália que jamais esquecerei porque não sou, de todo, o melhor passageiro de avião, muito menos num mais pequeno, a aterrar num enorme e belíssimo vale, cheio de ventos cruzados. A viagem a bordo do Q3 foi, felizmente, muito mais serena, tranquilidade que voltei a sentir neste reencontro, numa dose ainda maior, possibilitada pela motorização híbrida plug-in, também ela a mais potente da gama, com 245 cavalos.
Quanto a autonomia eléctrica, fiquei, como é normal, um pouco aquém do valor declarado, mas consegui esticar o silêncio da propulsão eléctrica durante 42 quilómetros, sendo que, na partida, com a bateria carregada, o Q3 indicava ser possível percorrer 45 quilómetros. Nos restantes percursos, depois de esgotada a bateria e já em modo híbrido, o computador de bordo nunca subiu dos 7,1 l/100 km, sendo inclusivamente possível registar médias em redor dos 6 l/100 km, se o percurso potenciar a utilização do motor eléctrico. Fiz, a título de exemplo, um percurso de 50 quilómetros, a uma média de 35 km/h, em que o motor eléctrico foi utilizado em 55% do tempo.
Competente em estrada
Relativamente a comportamento, este Q3 45 TFSIe revelou-se muito equilibrado, prescindindo do amortecimento variável para ainda assim conseguir oferecer uma boa combinação de conforto de rolamento com dinâmica segura e eficaz. Não recorre, igualmente, a pneus de baixo perfil, o que se revelou uma vantagem nos pisos mais esburacados e para superar as constantes lombas na cidade, e também não me parece que o benefício dinâmico da presença de jantes maiores e de pneus mais largos e de baixo perfil se justifique, só mesmo a nível estético, para quem assim gostar.
Globalmente, o Audi Q3 é um produto muito competente, mas isso não será novidade para ninguém. Da imagem robusta, ao sólido bater de porta, passando ainda pela execução do seu habitáculo, a qualidade de construção “está lá toda”. No entanto, aquilo de que mais gostei neste Q3 “base” híbrido em particular, foi mesmo a sua postura “low profile”, quer a nível visual, quer a nível da motorização, que apesar de estar orientada para uma condução mais eficiente e amiga do ambiente, permite-lhe, ao mesmo tempo, impressionar assim que lhe exigimos mais andamento via acelerador. As recuperações são muito convincentes, mas, relembro, também o são os consumos baixos.
O preço de 51.725 € a pagar pelo Q3 45 TFSIe, afasta-o da garagem do português comum. Mas se não fores um português comum e se este “AH-48-LC” te causou tão boa impressão quanto a mim, então terás de pagar 54.425 € para teres direito à pintura metalizada, bem como às jantes de 18 polegadas e ao Pacote Advance, onde se inclui, por exemplo, a câmara traseira, o Audi Smartphone Interface, o volante desportivo multifunções, os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e o Audi Virtual Cockpit. Estranhamente, num veículo de aptidões familiares, bom estradista e que será, também, uma boa opção para frotas, não estava disponível o regulador de velocidade. São mais 475 euros, mas vale a pena, parece-me, complementando uma oferta de equipamento mais do que suficiente, na versão de entrada do Q3 equipado com a motorização do momento.