Skoda Octavia Break Scout – Um grande automóvel para quem não tem a mania das grandezas
Disse, no recente ensaio ao Enyaq, que embora esse fosse, muito provavelmente, o melhor Skoda que já guiei, não era, no entanto, o meu preferido. Esse é, tenho quase a certeza disso, este Octavia Break na sua versão Scout. A Skoda está, a meu ver, num excelente momento de forma – ainda que as vendas em Portugal não o mostrem – com automóveis de elevadíssimo nível e, em grande parte dos casos, com a melhor relação preço/qualidade entre os seus rivais internos. É urgente reconhecê-lo e deixarmos de pensar no que os outros pensam de nós só porque conduzimos um determinado veículo de determinada marca. Neste caso, conduzir um Octavia, denota conhecimento.
Não sou o maior fã de carrinhas, nem tão pouco comprador de automóveis desse formato, mas comparativamente aos SUV, segmento em que a Skoda aposta forte e propõe, igualmente, produtos de elevada competência – como em breve poderemos comprovar – acho que as clássicas station wagon continuam a ser propostas bem mais práticas e versáteis e sobre as quais a habitual decoração para o todo-o-terreno, como a desta Scout, resulta ainda melhor. Visualmente, falta-lhe apenas uma cor mais em linha com a natureza, um tom verde escuro ou algo a “fugir” para o castanho ou bege. Lamentavelmente, a Skoda nem sequer as propõe como opcional. Sendo assim, a minha escolha seria o bonito Azul Lava.
TDI: vamos ter saudades
Debaixo do capot surge um sempre agradável motor 2.0 TDI, aqui na sua versão de 150 cavalos, com um desempenho mais do que à altura do que a Scout exige. Refinado e possante, não me foi, também, difícil fechar o ensaio com uma média final de 6,7 l/100 km. Fiz cerca de 500 quilómetros na sua companhia e muitos deles foram passados em caminhos fora de estrada, o seu ambiente de eleição. A sua força a baixas rotações continua a proporcionar uma agradável sensação de disponibilidade, dando um pulo na sua entrega quando atingidas as 2500 rpm. É certo que pouco pulmão revela acima das 4000 rpm, mas a rápida e suave caixa DSG está lá para, prontamente, passar à relação seguinte.
Em estrada aberta e em autoestrada, o Octavia Scout revelou-se, igualmente, um excelente companheiro, revelando, uma vez mais, as suas imensas qualidades enquanto veículo familiar. Equipado com amortecimento variável, é possível alternar entre afinações de suspensão, uma mais branda para as longas viagens e para usar na cidade, e uma outra, com movimentos mais controlados da carroçaria, para quando o Scout não leva toda a família a bordo. Apesar da sua maior altura ao solo, a dinâmica continua a causar muito boas impressões. No caso do Scout, não lhe falta, igualmente, o modo Off Road, configuração que lhe dá outro à vontade para sair do alcatrão e explorar alguns caminhos onde outros familiares não vão.
Tudo à grande
A habitabilidade do Octavia é, no mínimo, excelente. Todos os comentários provenientes dos passageiros do banco de trás vão ser positivos e elogiosos, sejam de miúdos ou graúdos. O lugar do meio sofre do problema habitual, a presença de um túnel de transmissão, neste caso, justificado pela tracção integral. Ainda assim, o espaço para os pés é muito bom e nem a presença do tejadilho panorâmico rouba muitos centímetros à folga para a cabeça. Mais atrás, uma bagageira com espaço para dar e vender, com óptimo acesso, e que esconde, imagine-se, uma roda suplente. Por ali, apenas dei por falta do sempre útil fundo amovível que permite, também, criar um plano de carga – enorme, no caso do Octavia Break – ininterrupto.
À frente, há que destacar a óptima posição de condução e uma apresentação cuidada de todos os elementos no tablier. Como é hábito nos mais recentes modelos do grupo, e apesar dos botões físicos de atalho, temos de recorrer ao infotainment para controlar uma grande parte das funções, algo que, insisto, não aprovo. O tablier conta, nesta unidade, com acabamentos em tecido e madeira, numa combinação quente e acolhedora que funciona, na minha opinião, muitíssimo bem. Um aplauso para a grande sensação de robustez transmitida pelos materiais aplicados, bem como pelos acabamentos, não faltando, por exemplo, um forro em alcatifa nos espaços de arrumação das portas, inclusivamente nas traseiras. Tão simples, não é? Mas poucos o fazem.
Um grande automóvel grande
Deixei para o fim aquele que é, para mim, o maior dos argumentos do Octavia. De todos eles, na verdade, mas em particular da carroçaria Break e em especial desta versão Scout. A sua competência global enquanto automóvel e a sua indiscutível qualidade enquanto produto. É certo que com um preço base de 42 400 € e com um motor por electrificar, este nunca será o Octavia mais escolhido da sua gama, mas é, porventura, aquele que melhor exprime os valores familiares, a versatilidade de utilização e a funcionalidade inteligente pelos quais se pautam os automóveis da Skoda. É, também, e como acima referi, o meu Skoda de eleição. Não aprecio – só porque não preciso, obviamente – automóveis grandes, mas este é incrivelmente bom em praticamente tudo aquilo que se lhe pede para fazer. Está mais do que na altura de darmos à Skoda o reconhecimento que merece, deixando de olhar para o seu símbolo, cheio de história, como algo inferior. “Simply clever”, mas só para alguns.