Volkswagen Taigo 1.0 TSI 110 R-Line DSG – Expectativas confirmadas
Regressei da apresentação nacional estática do novo Volkswagen Taigo com impressões positivas. É certo que olhar para um novo automóvel, bem iluminado e colocado num ambiente acolhedor e bem decorado, abrir a porta para me sentar ao volante, carregar em alguns botões e avaliar a qualidade de alguns materiais durante breves momentos não permite tirar grandes conclusões. Mas valorizo muito este primeiro contacto em que há muita informação nova para absorver, em que tento filtrá-la e fazer um resumo mental do que vi e daquilo que mais curioso fico de conhecer assim que o conseguir levar para a estrada.
Por isso, abordei o novo Taigo com alguma expectativa, de confirmar dinamicamente a informação que recolhi estaticamente. E, de imediato, fiquei agradado com a indiscutível facilidade com que se deixa levar, com uma posição de condução tipicamente Volkswagen, fácil de ajustar, com bons bancos, de aspecto simples, mas muito confortáveis, e, para minha satisfação, sem ser exageradamente alta. A visibilidade traseira é, no entanto, algo limitada pelo design da traseira estilo coupé. O habitáculo combina, como habitual, materiais macios no topo do tablier com outros de qualidade inferior, como nas portas e na consola central. No entanto, a sensação de solidez e a ausência de ruídos colocam o Taigo ao nível que a Volkswagen já nos habituou.
Um passo atrás que são dois à frente
Combinação, também, curiosa, é a de elementos tecnológicos como o painel de instrumentos digital com os comandos convencionais, de botões rotativos, da climatização manual. Longe de ser uma crítica, porque aprovo a simplicidade, poderá parecer uma solução estranha aos fãs dos modernos comandos deslizantes e tácteis. Também gostei do volante, com botões físicos, difíceis de activar inadvertidamente como aqueles que os modelos topo de gama normalmente adoptam. Quanto a equipamento, à unidade ensaiada não falta, igualmente, o acesso e arranque sem chave, o assistente de faixa de rodagem e o regulador de velocidade adaptativo. Não conta, porém, com modos de condução, o que se compreende dada a sua finalidade, a de ser um crossover familiar e versátil para o dia-a-dia.
E mesmo assumindo-se como um SUV coupé, com um design mais jovem e atlético, o Taigo também sabe ser versátil. Sim, a bagageira não é tão grande quando a do T-Cross, sendo que também não dispõe do banco traseiro deslizante, mas o volume disponível – 438 litros – é apenas 17 litros inferior ao do T-Cross. O fundo amovível e um pneu suplente são, igualmente, sempre bem-vindos e por isso o Taigo está também aprovado nesse aspecto. O espaço atrás não é suficiente para três passageiros, quer pela largura do habitáculo, quer pelo túnel central muito intrusivo, mas os passageiros laterais podem contar com um banco bem desenhado, com bom suporte para pernas, bem como com centímetros livres mais do que suficientes para adultos de estatura média. Lamentavelmente, os vidros traseiros descem pouco.
TSI volta a surpreender
Passando ao que se esconde debaixo do capot, e como referido no artigo previamente publicado, não está prevista a inclusão de motorizações electrificadas, nem de unidades Diesel, na gama do Taigo. Assim, a Volkswagen propõe-no com o apetecível 1.5 TSI de 150 cavalos, bem como com este 1.0 TSI, em versões de 95 ou 110 cavalos. Calhou-me a mais potente deste último motor TSI, associada à caixa DSG de 7 velocidades com patilhas no volante, provavelmente, a melhor combinação para o novo SUV da marca. A caixa, quase sempre suave e rápida nas suas tarefas, passa à relação seguinte ainda antes de atingidas as 2000 rpm, o que contribui para a tranquilidade sentida a bordo a ritmos calmos nas voltinhas do dia-a-dia. As passagens de caixa podem também ser feitas, de forma sequencial, no manípulo, mas à boa maneira da marca, sobe-se de relação empurrando-o e reduz-se de mudança puxando-o. Uma solução completamente contranatura que, sem dúvida, reprovo.
Já o motor 1.0 TSI merece um parágrafo dedicado. É, sem dúvida, um dos melhores, senão mesmo o melhor, pequeno três cilindros do mercado. Disponível, linear e enérgico, consegue dar ao Taigo um andamento muito interessante, ao mesmo tempo que consegue manter os consumos em valores, também eles, muito simpáticos. Fechei o ensaio com 7,3 litros “aos 100”, mas passei muito tempo em cidade, por isso não ficaria admirado se em ciclo combinado o valor final se aproximasse mais dos 6,5 lt/100 km. Ainda sobre o motor, é importante destacar a suavidade do funcionamento, mal se dando pela sua presença ao ralenti ou a baixas rotações – como a rolar a 120 km/h – bem como a contida transmissão de vibrações às mãos do condutor. O motor, esse, está aprovadíssimo.
Atenção à muita (e forte) concorrência
Boa nota merece, também, o capítulo dinâmico, com uma boa afinação do amortecimento, capaz de dar ao Taigo uma dinâmica segura e suficientemente ágil para transmitir confiança a ritmos elevados, mas que também se mostrou à altura dos muitos buracos e lombas que os crossovers urbanos enfrentam no seu quotidiano, superando-os com um conforto assinalável, ainda para mais se consideramos as jantes de 18 polegadas e pneus de baixo perfil desta versão R-Line. E “R-Line” leva-me à questão mais importante, pois tratando-se de uma das versões mais convidativas, quer a nível visual, quer a nível de recheio, isso reflecte-se no preço base deste Taigo, cerca de 31.500 euros, um valor que me parece, apesar dos seus argumentos, muito elevado. Ainda para mais quando a concorrência propõe modelos de dimensão, inspiração e equipamento equivalentes, com motores eletrificados mais potentes, por menos dinheiro.