Outra vez um Dacia Duster? Sim. Por que não?
Este é, diria, talvez o décimo Duster que conduzo. E mais de dez, bem mais, foram certamente as vezes em que disse que não compreendia a loucura dos SUV e crossovers. Nesse aspecto, não me vou repetir, mas vou, por outro lado, admitir que o Duster – um SUV/crossover, como queiram – é o meu Dacia preferido. Tenho cada vez mais a certeza disso.
Já numa das últimas oportunidades que tive de o conduzir destaquei o facto de ser uma das propostas mais interessantes da actualidade, não só do seu segmento, mas inclusivamente do mercado. O Duster é, sem dúvida, entre a abrangente oferta de modelos de crossovers mais pequenos, um dos que melhor explora esse mesmo conceito, adicionando-lhe, ainda, uma capacidade de se aventurar fora do alcatrão de que outros não dispõem, e isto mesmo sem considerar a versão de tracção integral.
Regressei, assim, ao Duster, para tomar contacto com a versão SL Extreme que lhe adiciona pormenores estéticos diferentes, mais coloridos, mas mantendo, e ainda bem, a receita base de sucesso de sempre. Um toque aqui, uma evolução ali e o Duster vai ficando cada vez melhor. Aliás, escrevo estas palavras e já o Duster – tal como a restante família de modelos da Dacia – passou por mais uma actualização de imagem, estreando, até, uma nova identidade de marca.
Conduzi-o, nesta ocasião, novamente equipado com o motor ECO-G Bi-Fuel, a gasolina e GPL, uma das soluções mais interessentes de um mercado que continua a sofrer com as constantes variações dos preços dos combustíveis, quase sempre para cima. Porém, teimamos a focar-nos no seu preço canhão e na economia conseguida através de soluções como esta, capaz de consumir o mais em conta – mas também, agora, mais caro – GPL, e quer-me parecer que não destacamos as restantes qualidades do Duster.
Não quero, de todo, focar-me em tudo o que já se disse em ensaios já publicados sobre a cada vez mais apelativa lista de acabamento, sobre a habitabilidade e espaço na bagageira e sobre a própria condução, ágil, segura e fácil. Quero apenas destacar a competência global de um produto que faz praticamente tudo bem, com a estética que actualmente se exige e com uma personalidade aventureira de que outros rivais apenas dispõem nas estratégias de marketing e no catálogo oficial. O Duster é bem diferente.
Para estar à altura do que actualmente se exige no segmento, ao Duster falta-lhe, reconheço, uma motorização electrificada. Porém, a Dacia já fez saber que o Jogger estreará, no próximo ano, essa solução e por isso resta-nos aguardar pela vez do Duster para ficarmos a saber com o que poderemos contar, até porque não assenta sobre a mesma plataforma que esse mais recente modelo da marca, um versátil veículo de 7 lugares que também conduzimos há algumas semanas.
Mas já que falamos de electrificação, e focando-me, em particular, no mercado dos veículos 100% eléctricos, esse segmento de mercado podia, efectivamente, aprender algo (muito!) com a Dacia e com o seu pequeno Spring, provavelmente, o eléctrico que mais sentido faz hoje em dia. Isto porque a Dacia é uma marca que concebe os automóveis de que as pessoas efectivamente precisam, nos mais variados formatos e segmentos, sem o deslumbramento do equipamento de que não necessitamos e da potência que não podemos usar.
Não sei se o futuro será assim tão eléctrico como nos dizem, pelo menos nos prazos que nos “vendem”, mas acredito que o presente e, consequentemente, o futuro, seria melhor com mais abordagens como a da Dacia, com automóveis eléctricos, electrificados e por electrificar que fazem todo o sentido. Uma gama muito interessante, a crescer, a evoluir e onde o Duster é, quem diria, aquele que eu comprava.