Apresentação nacional Toyota Corolla Cross: um ícone em formato SUV
Fui até Évora para conhecer o Corolla Cross, o primeiro SUV da gama e um novo modelo que se posiciona, na oferta da Toyota, entre o mais irreverente e desportivo C-HR e o RAV4, maior e, se assim o quisermos, bem mais potente através da sua versão híbrida plug-in. O Corolla Cross está já disponível no mercado nacional com uma única e nova motorização híbrida de 197 cavalos à qual se juntará, em meados de 2023, uma versão de 140 cavalos, também de tracção dianteira.
Conservador, mas…
O design exterior do Corolla Cross pode até ser algo conservador, mas, caso concordem com este meu ponto de vista, aconselho-vos a verem-no ao vivo e vão, muito provavelmente e tal como eu, mudar de opinião. Presencialmente tem bastante mais presença – permitam-me esta brincadeira com as palavras – e acredito que numa cor mais viva, ao contrário das unidades, à estreia, brancas e cinzentas desta apresentação, se torne ainda mais apelativo. Vermelho Tokyo ou Azul Cobalto são as minhas sugestões para ajudar a “descinzentar” o nosso parque automóvel.
O novo Corolla Cross assenta sobre a plataforma global da Toyota TNGA, o que, desde logo, é um bom prenúncio para as capacidades deste novo SUV. Algo que rapidamente se confirmou ao sair de Lisboa, com o Corolla de “calças arregaçadas” a demostrar as suas boas capacidades estradistas, mostrando-se muito confortável para as distâncias maiores a percorrer. O trajecto nunca foi o mais convidativo para um maior dinamismo na condução, assim como não o foi o clima nestes dois dias, mas quando surgiu a oportunidade de o colocar à prova numa ou outra curva, o Corolla Cross, sem deslumbrar, respondeu com controlo e, acima de tudo, com uma grande sensação de segurança.
Novo híbrido
Já debaixo do capot, o novo SUV da Toyota esconde a quinta geração do seu consagrado propulsor híbrido, assumindo as responsabilidades de estrear esta versão com motor de 2.0 litros e 197 cavalos de potência com configuração específica para o mercado europeu. Mais potente, mais leve e, segundo a marca, mais eficiente, a verdade é que o sistema híbrido da Toyota – com uma transmissão de funcionamento equivalente a uma CVT – primeiro estranha-se, mas depois entranha-se. A facilidade de condução é indiscutível e a típica sensação de arrasto, com a repentina subida de regime do motor a parecer não acompanhar o respectivo aumento de velocidade, é algo que só é notório durante as fortes acelerações, uma situação, espero eu, rara num SUV familiar.
Dia 1
Na primeira etapa da apresentação, liguei as instalações da Toyota no Prior Velho à cidade de Évora, um percurso maioritariamente feito em autoestrada onde não me foi possível apurar as capacidades mais urbanas e familiares do novo Corolla Cross. Porém, para aqueles que o possam vir a utilizar, pontual ou regularmente, em longas viagens em estrada aberta, podem não só contar com o acima mencionado conforto de rolamento de bom nível, bem como com uma insonorização que é apenas momentaneamente interrompida pelo motor quando mais se exige da mecânica.
Estes primeiros 150 quilómetros terminaram com uma média de 7 lt/100 km. Nada mau se considerarmos a dimensão deste Corolla mais encorpado, bem como o ritmo da viagem a que foi submetido numa segunda fase, tudo para compensar o facto de me ter enganado a definir o destino para se concluir esta primeira etapa. E claro, considerando também que tive de confirmar que os 197 cavalos estavam lá todos, potência que, pode até não impressionar dada sua entrega muito linear, mas isso é até olharmos para a facilidade com que o velocímetro se mexe. Quase 200 cavalos e estão lá todos, garanto-vos, 113 “eléctricos” e 152 “a gasolina”.
Espaço e equipamento
Por dentro, o habitáculo combina materiais mais agradáveis ao toque com outros mais rijos, o que é perfeitamente aceitável. No entanto, não esperava encontrar no topo do tablier um plástico menos nobre. Não está errado, é apenas pouco comum considerando o segmento onde o Corolla Cross se insere. Quanto a montagem, neste primeiro e breve contacto, pouco ou nada há a criticar, sendo notória a qualidade de execução Toyota. Os bancos são muito confortáveis e, na unidade ensaiada, o do condutor dispunha de regulações eléctricas, sendo muito fácil encontrar a nossa posição de condução ideal. Deste lugar, salta ainda à vista a exagerada dimensão dos retrovisores exteriores.
Sem inventar
A Toyota pode ser muita vez acusada de um excessivo conservadorismo, mas há coisas que se mantém por bem. Não lhe falta um moderno painel de instrumentos totalmente digital, bem com um sistema de infotainment com ecrã táctil de grandes dimensões, mas a Toyota não “inventou novamente a roda” nos comandos da climatização, mantendo uma consola específica com botões físicos dedicados às funções habituais. Também os botões para o aquecimento dos bancos têm um aspecto algo antiquado, mas funcionam bem e transmitem aquela sensação de que vão durar 50 anos. E isso é bom. É Toyota.
Bem mais moderno é o espaço central na consola para fazer o carregamento sem fios do smartphone e as três tomadas USB, duas do tipo C disponíveis para os passageiros de trás. E do banco traseiro, embora não tenha lá viajado, duvido que venham críticas quanto a espaço livre, parecendo-me que existem muitos centímetros para que, também por ali, a viagem possa ser confortável. Já o teto panorâmico trouxe uma nova e acolhedora dimensão a este primeiro contacto chuvoso, mas sendo fixo, não se poderá desfrutar de uma experiência mais arejada num dia de sol.
Dia 2
No segundo dia tive oportunidade de prolongar o teste a um ambiente mais em linha com o espírito fora de estrada de um SUV como este. E digo espírito porque este Corolla Cross é, para já, um veículo de tracção dianteira, sem quaisquer pretensões a ser conduzido como um todo-o-terreno. Ainda assim, a boa altura livre ao solo garantiu que apenas umas ervas mais altas bateram por baixo ao fazer o percurso de cerca de 20 lamacentos quilómetros pela planície alentejana.
Nas situações mais exigentes, com grandes poças e uma muito escorregadia lama que enfrentei por diversas vezes, o segredo foi manter uma velocidade constante, progredindo sem sustos de maior. Porém, para arrancar em situações de muito fraca aderência, a conjugação de uma transmissão deste género, sem qualquer controlo manual e intervenção do condutor, com um controlo de tracção que, mesmo “desligado”, continua presente, pode causar algumas dificuldades.
Desde 38.190 €
Regressei impressionado com a competência global do novo Corolla Cross, SUV que se junta às carroçarias Touring Sports, Sedan e Hatchback deste histórico nome do automóvel. Potente, mas eficiente, confortável, mas ágil, o novo Corolla Cross chega para completar a oferta da Toyota num dos mais importantes segmentos de mercado e fá-lo segundo três níveis de equipamento, com uma oferta recheada logo a partir do de acesso, com destaque para o extenso pacote de sistemas de segurança.
Os preços começam nuns muito apelativos 38.190 € da versão Comfort, passando aos 39.990 € pedidos pelo Corolla Cross Exclusive e terminando nos 43.390 € do topo de gama Luxury. Um SUV de segmento C, híbrido, com quase 200 cavalos, eficiente, espaçoso, confortável e bem equipado por cerca de 40.000 € parece-me uma óptima opção. Veremos se o mercado concorda comigo.
Relembra aqui o nosso ensaio em vídeo ao Toyota C-HR