Ami Buggy – É um Citroën bonito, moderno, arejado e, também, esgotado
Sou defensor da mobilidade eléctrica, mas só até certo ponto. Não me vou prolongar em explicações e argumentos que já anteriormente partilhei, mas resumidamente não compreendo como o ambiente é beneficiado se todos conduzirmos um SUV sem emissões – locais, relembro – com duas toneladas. Se pesa duas toneladas precisa de muita potência, se precisa de muita potência, precisa de uma grande bateria. Se tem uma grande bateria, pesa duas toneladas. Estão a ver onde quero chegar? É, perdoem-me, estúpido. Precisamos de veículos elétricos, sim, claro que precisamos. Mas pequenos, uns mais do que outros, claro, mas aptos para as cidades. Com baterias compactas, cargas rápidas, consumos baixos e custos reduzidos.
Vivendo no concelho de Cascais vejo quase tantos quadriciclos a gasóleo por dia quanto ciclistas fora da ciclovia da Estrada do Guincho. Estão por todo o lado, principalmente nos estacionamentos dos liceus e nos drive through dos McDonalds, onde o cheiro a batatas fritas se mistura com o do gasóleo queimado. O refinamento dos seus motores só pode ser comparado ao do “Orca”, o barco de Robert Shaw no filme “O Tubarão” imediatamente antes de tudo começar a correr mal. E quase todos estes “papa-reformas” são conduzidos por jovens com o apelido “de”. De isto, de aquilo, de qualquer coisa, mas todos esses quadriciclos são também “de”…masiado caros, poluentes e barulhentos.
É aqui que entra o Ami da Citroën, uma solução de mobilidade urbana, 100% eléctrica, e que também pode ser conduzido logo aos 16 anos com uma licença AM. Eu já o conduzi, numa experiência que podes ficar a conhecer clicando aqui. Eis que agora a Citroën vai ainda mais além e inspirando-se no My Ami Buggy Concept apresentado em Dezembro de 2021, lança no mercado esta série limitada a apenas 50 unidades – escusas de correr, pois desapareceram das “prateleiras” em menos de 18 minutos. Aguenta-te, “de” – que é capaz de oferecer uma experiência ainda mais divertida e, fazendo minhas as palavras do eterno Gabriel Alves, arejada. Isto porque este Ami Buggy prescinde de portas, assumindo-se como o Méhari dos tempos modernos, perfeito para os dias de Verão, para uma ida à praia ou para um piquenique na serra.
Refrescante a todos os níveis
Já para o dia em que o conduzi, embora bonito, o agasalho foi essencial, principalmente na estrada no Guincho, toda feita de acelerador a fundo, a uns suficientes e muitos refrescantes 45 km/h. O tejadilho conta igualmente com uma lona amovível para uma mobilidade sustentável e a céu aberto. No exterior destaca-se a bonita cor Khaki que faz um contraste muito engraçado com os elementos em amarelo brilhante, cor também presente nos compartimentos disponíveis no tablier. Também gostei, e muito, das jantes em aço pintadas de dourado.
Fiz-me à estrada para um pequeno percurso de teste com cerca de 12 quilómetros. Arrisco-me a dizer que 90% foi feito com o acelerador esmagado, mas o propósito desta experiência não era colocar à prova as indiscutíveis capacidades do Ami em ambiente citadino. Era sim desfrutar de toda a liberdade proporcionada por esta versão mais aventureira naquela bonita paisagem. Uma experiência muito diferente das que habitualmente nos são proporcionadas nas apresentações e que me soube muito bem precisamente por me obrigar a baixar o ritmo e simplesmente aproveitar o momento.
Piadas à parte, é óbvio que o Citroën Ami, Buggy ou não Buggy, não pretende apenas ser a solução para os jovens de famílias mais abastadas que não querem aguardar pelos 18 anos para tirar a carta de condução e comprar um automóvel a sério. Mas é, sem dúvida, a interpretação moderna e eficiente desses mais dispendiosos quadriciclos – o Ami tem um preço base de 7.790 € – uma opção mais segura e utilizável do que uma de duas rodas, bem como, para muitas pessoas, a solução ideal para as curtíssimas deslocações na cidade. As limitações do Ami são assumidas e as deste Ami Buggy ainda mais e é isso que, a meu ver, lhe dá imenso charme. Não é um automóvel. Não é para todos. Mas goste-se ou não, é a Citroën a ser Citroën, a pensar, como sempre, de maneira diferente e, felizmente, a concretizar.