Ensaio Sprint: Skoda Enyaq Coupé RS
Estão praticamente a completar-se dois anos desde que conduzi o Skoda Enyaq pela primeira vez. E não preciso de consultar o arquivo de testes da Garagem para me recordar do título que dei ao artigo, destacando o Enyaq como um dos melhores automóveis da marca, pelos menos entre aqueles que tive oportunidade de conduzir. Uma declaração forte, reconheço, mas uma que não quis ser um “click bait”, mas sim uma forma de destacar o quão boas foram as impressões deixadas pelo primeiro 100% elétrico da Skoda.
Regressei agora ao Enyaq para conduzir a versão mais desportiva, topo de gama, e em configuração Coupé, a carroçaria mais dinâmica do Enyaq com a qual tive apenas um breve contato dinâmico aquando do evento “Let’s Explore” promovido pela marca em maio do ano passado. E regressei com perfeita noção do quão bem falei do Enyaq, tendo destacado elementos como a elevada qualidade percebida, a habitabilidade e o conforto de utilização. Tudo, ou quase tudo, o que esperava encontrar neste mais dinâmico Coupé.
Equipado com um motor elétrico por cada eixo, este Enyaq Coupé RS eleva a fasquia da potência para os 299 cavalos e está equipado com uma bateria de 77 kWh úteis, suficientes, segundo a Skoda, para uma autonomia WLTP de 543 quilómetros. Neste ensaio, o consumo misto verificado foi de 16,4 kWh/100 km, o que coloca a autonomia nuns “teóricos” 470 quilómetros. Em autoestrada, será muito difícil consegui-los, mas em cidade é bem possível. A intensidade da regeneração de energia pode ser controlada através das patilhas no volante, mas o modo automático funciona muitíssimo bem. Ainda no que diz respeito à condução, senti que há margem para melhorar a calibração do pedal de travão, cujo “feedback” inicial me pareceu demasiado artificial, até para um elétrico.
O visual mais aerodinâmico deste Coupé favorece a autonomia e, para alguns, a estética, mas a verdade é que o espaço em altura na segunda fila e na bagageira é, como seria de esperar, inferior. No entanto, em quase nada limita a excelente sensação de espaço no banco traseiro. O habitáculo é, na verdade e como já referi, um excelente sítio para se estar e viajar. Luz natural não falta graças ao grande teto panorâmico e elementos como os quatro bancos aquecidos, várias tomadas USB e o sistema de som Canton garantem um elevado conforto a bordo. Como é hábito na marca, o interior é todo ele muito funcional. Digital, sim, mas com comandos físicos. Neste aspeto, até acho que merecia um painel de instrumentos maior, mais alinhado com a imensidão do habitáculo.
Ser rápido – 5,5 segundos dos 0 aos 100 km/h – não faz do Enyaq RS um verdadeiro desportivo. Isto porque os cerca de 2.250 kg que pesa fazem-se sentir em situações mais “no limite”, em curvas mais fechadas ou muito rápidas, sem nunca colocar em causa a muita segurança transmitida. Mas mais importante do que as suas capacidades dinâmicas, o Enyaq destaca-se pelo ótimo conforto de rolamento e pela excelente vivência do seu habitáculo. Mais rápido e com visual mais desportivo, mas, acima de tudo, tão bom quanto o primeiro Enyaq que conduzi. Esse é o maior elogio que lhe posso fazer. Um produto de qualidade, cheio de qualidades, diga-se, ao melhor estilo Skoda.