Ensaio Total: Renault Rafale Esprit Alpine E-Tech full hybrid
Lembram-se do Safrane? Se são da minha geração ou anteriores, lembrar-se-ão, certamente, do belíssimo topo de gama da Renault nos anos 90. Elegante, confortável, espaçoso e potente, principalmente na sua versão V6 Biturbo. Como diria o meu querido Avô, “uma grande espada”. Infelizmente, modelos como o Safrane, assim como inúmeros outros de formato de carroçaria equivalente são agora coisa do passado, tendo sido progressivamente substituídos por outro tipo de silhuetas, em especial com a chegada dos SUV. No caso da Renault, o Rafale é, se quiserem, o Safrane dos tempos modernos.
O novo Rafale deve o seu nome ao avião Caudron-Renault Rafale que há precisamente 90 anos atingiu uns impressionantes 445 km/h e embora o novo SUV da Renault conte nesta versão full hybrid com uma motorização de 200 cavalos, bem como com qualidades dinâmicas comprovadas, o novo topo de gama não quer, como o nome podia sugerir, andar por aí a voar baixinho. Quer sim, desde logo, destacar-se, como um bom topo de gama tem de o fazer. E consegue-o, diga-se. Mesmo sendo mais um SUV, é distinto, combinando elegância com uma boa dose de desportividade. E se for azul como este, melhor!
Depois do Espace, Rafale reforça ofensiva no segmento D
Posicionando-se no topo da oferta, com o espaço e conforto que são habitualmente expectáveis no segmento D, o Rafale é, obviamente, um excelente automóvel para sermos conduzidos. Apesar da silhueta coupé, o design não dificulta demasiado o acesso ao banco traseiro. As portas são enormes e depois de instalado, sobraram-me, à vontade, uns quatro ou cinco dedos de folga para os joelhos e para a cabeça. Até o lugar central não me pareceu excessivamente desconfortável no pequeno teste possível. O grande tejadilho em vidro é uma mais-valia para o ambiente acolhedor a bordo e o original apoio de braço inclui tomadas USB, suportes para copos e tablets. A bagageira oferece 530 litros de capacidade e esconde um pneu suplente. Aplausos, por favor.
Em termos de qualidade de materiais, o Rafale convence com elementos agradáveis e macios onde não podia mesmo ser de maneira diferente, mas nas portas de trás, por exemplo, os plásticos utilizados são rijos. Felizmente, o Rafale compensa-o com compartimentos de arrumação nas portas forrados de forma a reduzir ruídos e riscos. Os bancos dianteiros – com aquecimento e massagem – são muito confortáveis e contam com um pormenor curioso nesta versão, o logótipo Alpine iluminado. Já o infotaintment com serviços Google integrados é um dos mais completos e agradáveis de utilizar do mercado e o sistema de som Harman Kardon garante uma experiência sonora premium a bordo.
Passando à motorização, muitos poderão criticar o facto de um automóvel como o Rafale utilizar um pequeno motor 1.2 litros de três cilindros como base do seu propulsor híbrido, faltando-lhe a cilindrada e a nobreza de uma configuração mais equilibrada. Mas a verdade é que o motor raramente se faz ouvir, e quando o som chega ao habitáculo, não incomoda. A já conhecida e peculiar transmissão da Renault pode também não ter a fluidez de atuação de outras configurações, mas em condução normal, motor a gasolina, máquinas elétricas e caixa de velocidades combinam-se para facilitar a condução do Rafale. E sempre com boa disponibilidade de potência graças aos 200 cavalos – ajudados pela resposta imediata da componente elétrica – sendo igualmente fácil de obter médias de consumo baixas, na casa dos 5,5 a 6 lt/100 km, números explicados pela muito boa capacidade de regeneração de energia, algo a que a Renault já nos tem habituado nos seus modelos eletrificados.
Ao volante, é também importante mencionar o excelente contributo que a tecnologia 4Control, de quatro rodas direcionais, dá à experiência de condução. Em ambiente urbano, o Rafale parece encolher, sendo fácil de manobrar por entre o trânsito na gincana citadina e em estrada aberta, o benefício de um eixo traseiro direcional é igualmente notório, com uma agilidade e estabilidade acima da média. Em termos de conforto, nota positiva para o desempenho da suspensão do Rafale, a qual não dispõe de amortecimento variável, mas que consegue, apesar da dimensão, peso elevado e pneus de baixo perfil do topo de gama da Renault, filtrar com eficácia a maior parte das irregularidades que lhe surgem no caminho.
A gama Rafale será posteriormente reforçada com uma motorização híbrida plug-in, com tração integral e 300 cavalos de potência. Até lá, o “Safrane” dos tempos modernos é proposto com este full hybrid de desempenho muito convincente, pouco gastador, com potência mais do que adequada, espaço e equipamento com fartura, mas com margem para melhorar em termos de materiais, mais em linha com o posicionamento de topo de gama que indiscutivelmente assume na oferta atual da Renault, marca que atravessa, sem dúvida, um excelente momento de forma.
Rafale E-Tech full hybrid 200 Techno disponível a partir de 45.500 euros. Versão Esprit Alpine proposta a partir de 50.000 euros. Unidade ensaiada disponível por 57.810 euros.