Ensaio Total: Dacia Duster Extreme Hybrid 140
Eram muitos os motivos que suportavam a minha curiosidade em ter, finalmente, a oportunidade de conduzir o novo Dacia Duster. Primeiro, por ser um modelo de que sempre gostei, pensado para ser utilizado todos os dias, para tudo e mais alguma coisa e com um preço um pouco mais ajustado à nossa realidade. Também o facto de ser um crossover com bastante mais à vontade para se atirar para fora do alcatrão do que a maioria da sua concorrência, sendo um dos poucos nomes do segmento a dispor inclusivamente de versões com tração integral. Mas principalmente por ser um modelo que, a cada evolução de que foi sendo alvo, surpreendeu por oferecer cada vez mais e melhor, contribuindo inequivocamente para que a Dacia seja hoje muito mais do que a outrora marca de baixo custo, gozando atualmente de uma imagem bem trabalhada e bem conseguida, com uma gama muito ampla, com múltiplas soluções energéticas e com argumentos muito válidos que justificam o seu sucesso aqui e além-fronteiras.
Design Exterior
E esta é, sem dúvida, a maior evolução de todas na história do Duster. Desde logo pelo design exterior e pelo que este esconde, uma nova plataforma que, imagine-se, permite ao Duster ser agora híbrido. Assente sobre a plataforma CMF-B – usada, por exemplo, pelo Captur – o Duster é apenas dois milímetros mais comprido e nove milímetros mais largo do que a geração anterior, mas a verdade é que parece bastante maior. E a “culpa” é das suas linhas exteriores, com a identidade visual mais recente da Dacia a conferir-lhe uma sensação de maior largura, combinando-se com o facto de ser agora 32 milímetros mais baixo, o que o torna assumidamente mais dinâmico. Porém, os felizes contrastes das proteções plásticas da carroçaria, bem como um capot praticamente horizontal e outros elementos com linhas bem definidas, elevam também o tão apreciado visual aventureiro e de robustez ao nível seguinte. Nada mais é do que uma opinião, mas o Duster causa, esteticamente, uma excelente impressão e isso, como todos sabemos, “vende carros”.
Por dentro do Dacia Duster
A ideia que referi anteriormente, a de ser um veículo pensado para ser usado, prolonga-se, obviamente, ao interior. Os plásticos são rijos, sim, mas são-no na Dacia e também noutras marcas e modelos deste segmento. Não vejo nisso um problema, mas a verdade é que, pelo menos na unidade que conduzi, identifiquei um ou outro ruído parasita pouco simpático. Algo que apreciei em termos de materiais diz respeito aos bancos, forrados num tecido sintético anti absorvente e, assim, fácil de limpar. Espaços práticos de arrumação não faltam, nem tão pouco elementos como um moderno painel de instrumentos digital e um completo sistema de infotainment, embora a qualidade de som por este possibilitada deixe algo a desejar. Talvez a poupança tenha ido, neste aspeto, um pouco longe demais. Abaixo deste está posicionada uma consola com os comandos físicos da climatização, algo que gosto sempre de destacar porque descomplica a sua utilização. Nota muito positiva merece o botão colocado à esquerda do volante, o qual permite ativar o modo personalizado para os assistentes de condução, o que nos permite rapidamente desligar o que não pretendemos usar (ou que não suportamos, na verdade).
Espaço atrás
Nos lugares traseiros, o Duster não deslumbra, mas transmite uma boa sensação de espaço e cumpre com o esperado em termos de centímetros livres para pernas e cabeça, isto apesar da distância entre eixos ser agora 16 milímetros mais reduzida. A bagageira neste Duster híbrido oferece 430 litros de espaço, mas ao não dispor de um fundo amovível, não é possível criar um prático plano de carga sem interrupções ao rebater o encosto do banco traseiro. Ainda no campo da praticidade, destaque para o Youclip, uma solução que consiste numa gama de acessórios – gancho para sacos, suporte para tablet ou copos, lanterna LED – os quais podem ser colocados em vários sítios do Duster. A colocação da lanterna, por exemplo, no forro interior da tampa da mala pode ser muito útil numa noite de campismo.
Híbrido é pouco gastador
Em termos de motorização, foi exatamente pela novidade híbrida que comecei. Novidade na gama Duster, porque este é um propulsor já com provas dadas noutros modelos do grupo, combinando o motor 1.6 litros a gasolina com um par de máquinas elétricas e uma inédita caixa de velocidades sem embraiagem e sincronizadores. E tal como em anteriores experiências, destaca-se pela facilidade de utilização de que permite usufruir, não sendo também nada difícil manter a média do computador de bordo abaixo dos 5 lt/100 km. Para aqueles que gostam de atestar o depósito até ao máximo e adiar o mais possível a próxima ida à bomba de gasolina – e mesmo com alguns descuidos com o pé direito pelo meio – fiquem a saber que a autonomia do Duster ronda facilmente os 900 quilómetros, um bom argumento para um modelo pensado para viagens em família à descoberta de novos caminhos.
Rolamento “mais crescido”
Gostei da posição de condução, elevada como é costume num crossover como este, mas cuja altura é compensada por uma linha de cintura elevada que nos envolve melhor no habitáculo. Ao volante, é notória a forma mais evoluída como o Duster rola, fruto, imagino, dos melhoramentos proporcionados pela nova plataforma. O seu comportamento em curva é agora mais controlado, “mais Renault”, mas continua, e bem, a preferir ritmos tranquilos. A capacidade de filtragem da suspensão é adequada, mas esta mostrou-se, ainda que apenas pontualmente, um pouco mais rija do que o esperado, algo que confirmarei quando regressar ao Duster para experimentar outras motorizações disponíveis na gama, onde não falta o habitual Eco-G, a gasolina e GPL, bem como o novo 1.2 TCe com tecnologia mild hybrid disponível opcionalmente com tração 4×4.
Finalista do Car of the Year 2025
Como em qualquer produto, e como mencionado acima, também o novo Duster tem margem para melhorar. Ainda assim, uma vez mais, a evolução é indiscutível. Uma nova plataforma aliada a uma eficiente motorização híbrida, consumos baixos, condução fácil, segura e descontraída, bem como uma elevada versatilidade de utilização aliada a uma imagem impactante e com propósito fazem do Duster o melhor exemplo daquilo em que a Dacia se tornou. Mais do que uma proposta economicamente tentadora, é agora um dos modelos mais apetecíveis do segmento. E não sou apenas eu que o digo, uma vez que o Duster passou à fase final da eleição do Car of the Year 2025. Não será fácil vencer o troféu, mas estar entre os sete finalistas é, certamente, prova suficiente das suas qualidades.
Preços Dacia Duster
- Disponível a partir de 19.150 € na versão Essential ECO-G Bi-Fuel 100
- Hybrid 140 disponível a partir de 29.000 €
- Extreme Hybrid 140 ensaiado: 31.726,57 €