Ensaio Sprint: Audi A3 35 TDI S tronic S line
Sem querer parecer uma daquelas pessoas que parou no tempo, não consigo não abordar este ensaio com alguma nostalgia. Sou, até certo ponto, defensor do automóvel elétrico, da beleza da sua aparente simplicidade, do conforto de utilização e, acima de tudo, das suas zero emissões de escape. Mas não foi preciso muito tempo ao volante deste Audi A3 com motor Diesel para me vir à cabeça uma ideia que é cada vez menos forçada a ocorrer-nos: “Ainda vamos ter saudades disto.”
É verdade que o argumento dos consumos baixos e das grandes autonomias só fará sentido para quem fizer efetivamente muitos quilómetros, mas o motor dois litros TDI, mesmo sem o refinamento de um moderno motor a gasolina – e com uma cada vez maior complexidade mecânica e eletrónica para controlo de emissões – continua a ser uma unidade muito agradável de utilizar. São 150 cavalos de potência e 360 Nm de binário, números possantes devidamente explorados pela transmissão de dupla embraiagem que, como é hábito nos automóveis do grupo Volkswagen, convence pela rapidez e suavidade.
O consumo combinado deste teste foi 6,7 lt/100 km, mas assumo que quase não me foquei em eficiência. Tinha acabado de entregar um elétrico de 2,5 toneladas e ao passar para este “levezinho” de 1.485 kg não resisti a explorar as suas excelentes capacidades dinâmicas. É certo que a suspensão desportiva e as jantes de 19 polegadas com pneus de baixíssimo perfil prejudicam ligeiramente o conforto de rolamento, mas a verdade é que este modelo familiar premium com motor a gasóleo, sem ter de se esforçar muito, garante ótimas sensações ao volante.
O interior tem a dose certa de digitalização, devidamente complementada por comandos físicos que jamais deviam desaparecer. A posição de condução é excelente, os bancos são bons e bonitos e a sensação de qualidade do habitáculo, apesar dos plásticos menos nobres também lá estarem (bem disfarçados), merece nota muito positiva. O espaço atrás é adequado para dois adultos, mas o lugar do meio, esse, é verdadeiramente desaconselhável. O encosto, devido ao apoio de braço central, é muito rijo e o túnel central é também muito intrusivo. Já a bagageira tem 380 litros e é maior do que parece.
Não quero com este texto dizer que a solução para o futuro da mobilidade particular sob a forma de um automóvel familiar está no motor Diesel. Não está, certamente. Mas continua a ser uma opção muito válida para alguns condutores e para determinados tipos de utilização e é precisamente aí que está, neste caso, o presente, mas também o futuro, numa combinação de múltiplas soluções e onde, atualmente, a tecnologia Diesel pode ainda fazer sentido. Quantos híbridos plug-in de 200 ou mais cavalos, comprados por grandes empresas e frotas, não veem as suas baterias serem carregadas? Quantos litros de gasolina adicionais consomem nessas condições, ao “passearem” um motor e uma bateria elétricos? Sim, quase sempre, bastante mais.
É certo que a demonização do Diesel fez estragos e os argumentos de um eficiente propulsor híbrido ou híbrido plug-in são inquestionáveis, se devidamente utilizados. Mas termino como iniciei. Vamos ter saudades de um bom motor Diesel. Eu vou, garantidamente. Mas não posso mesmo deixar que a nostalgia leve a melhor sobre mim, pois a Audi pede 47.770 euros pelo A3 35 TDI S tronic S line. E para o ter exatamente como este bonito exemplar do parque de imprensa da Audi Portugal, teria de pagar 68.775 euros.