Carros do Ano 2020: Peugeot 208, Toyota Corolla e… aceitam-se apostas!
Como decerto saberá – já lho dissemos aqui na sua Garagem – estão entregues alguns dos maiores troféus da indústria automóvel de 2020: o ‘Car of the Year’ europeu, alcançado pelo novo Peugeot 208, e o ‘Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal’, arrebatado pela mais recente geração do Toyota Corolla, resultados registados após renhidas votações dos respectivos painéis de jurados.
Nesta altura está apenas por atribuir o galardão de âmbito mundial ‘World Car of the Year’, integrado nos mais abrangentes ‘World Car Awards’, numa luta que está a ser discutida a três, entre duas propostas da Mazda, o Mazda3 HB/CS e o SUV CX-30, ambos à venda entre nós, e o bem menos conhecido Kia Telluride, um SUV de sete lugares exclusivo do mercado norte-americano. Mas sabe quais as marcas que, decorrente das características dos seus produtos nos anos em que foram lançados, ficaram com as vitrinas de troféus mais recheadas? Vejamos…
FIAT na liderança europeia
Presentemente a braços – tal como toda a indústria automóvel – com inúmeras condicionantes decorrentes de surto que afecta, muito em particular, a sua região de nascença, a italiana FIAT é quem colecciona mais troféus na Europa, distinção atribuída desde 1964 pela fundação ‘Car Of the Year’, composta por órgãos de informação automóvel de sete países, que se complementam com um painel presentemente com sessenta jurados, incluindo dois portugueses.
Do total de dezasseis presenças nos pódios finais, a FIAT soma as tais nove conquistas, processo que se iniciou em 1967 com o saudoso 124, a que se seguiram modelos como o 128 (1970), o 127 (1972), o eterno Uno (1984), o Tipo (1989), o também best-seller Punto (1995) e a dupla Bravo/Brava (1996), sendo os mais recentes galardoados o Panda (2004) e a coqueluche do momento, o pequeno 500 (2008).
Seguem-se a Renault e a Peugeot, com seis troféus cada. A marca de Boulogne-Billancourt começou por vencer em 1966 com o 16, tendo depois de esperar até 1982 para ver consagrado o 9. Depois veio o Clio I (1991), as gerações I e II do Mégane Scénic (1997 e 2003) e, finalmente, o Clio III (2006). Dos rivais de Sochaux tudo começou com o 504, em 1969, seguindo-se as também berlinas 405 (1988), 307 (2002) e 308 II (2014), a que se juntou em 2017 a segunda geração do SUV 3008. O troféu mais recente para a estante da Peugeot foi o alcançado, há algumas semanas, pelo novíssimo 208, na iniciativa de 2020.
Também com dezasseis presenças no pódio do ‘Carro do Ano’ europeu, mas menos troféus na prateleira, surgem a Ford e a Opel/Vauxhall com apenas cinco conquistas. De origem americana, a Ford viu o Escort, produto do seu braço europeu, iniciar a contenda em 1981, a que se seguiram o Granada/Scorpio (1986), Mondeo (1994), Focus (1999) e S-MAX (2007). Também americana na altura, então ainda pertença da General Motors, a dupla Opel/Vauxhall venceu com o Kadett (1985), Omega (1987), Insignia (2009), Ampera (2012) e Astra (2016). Atrás delas, a Volkswagen tem quatro modelos vitoriosos – Golf III (1992), Polo V (2010), Golf VII (2013) e Passat B8 (2015) – e a Citroën soma três sucessos, com o GS (1971), o CX (1975) e o XM (1990).
São, depois, nada menos do que seis as marcas com uma dupla estatueta: a Audi (80, em 1973, e 100, em 1983), a Alfa Romeo (156, em 1998, e 147, em 2001), Toyota (Yaris, em 2000, e Prius, em 2005), a extinta Chrysler/Simca (1307-1308, em 1976, e Horizon, em 1979), Nissan (Micra, em 1993, e Leaf, em 2011) e, finalmente a também defunta Rover, marca britânica que, com o seu P6 2000 alcançou, em 1964, o primeiro troféu de sempre desta que é a iniciativa do género mais antiga do mundo, repetindo depois a dose em 1977, com o 3500, então já integrada no também extinto grupo British Leyland.
Com um único troféu estão a NSU, que com o icónico Ro 80 conquistou o ‘Car of the Year’ de 1968 e a Austin, com o 1800 (1965), acrescendo à lista dos estreantes construtores como a Mercedes-Benz (com o Classe S, em 1974), a Porsche (928, em 1978), a Lancia (Delta, em 1979), Volvo (XC40, em 2018) e Jaguar (I-Pace, em 2019).
Grupo VW dominador em Portugal
O agora denominado ‘Essilor Carro do Ano / Troféu Volante de Cristal’ é atribuído desde 1985, sendo por isso, também longa a sua lista de 35 vencedores, desde que nesse ano o Nissan Micra estreou-se na conquista do mais importante galardão da indústria nacional, até ao do ano presente, arrebatado pelo Toyota Corolla.
Sete a seis! É este o balanço provisório estabelecido entre a alemã Volkswagen e a espanhola SEAT, duas marcas de um mesmo grupo industrial alemão. A marca do “Carro do Povo” é a mais galardoada dos troféus nacionais, num processo iniciado com o Passat III em 1990, nameplate que sete anos depois repetiria a dose com a geração V, repetindo-a em 2006 (VII) e, de novo, em 2015 (VIII)! O Golf só venceu duas vezes (Mk5 em 2004 e Mk7 em 2013), somando-se outra do Polo V, em 2010. A sua perfilhada SEAT colecciona, assim, seis troféus na sua vitrina nacional, conquistados por três modelos, em diferentes gerações: o Toledo foi o preferido nas iniciativas de 1992 (geração I) e de 2000 (II), os Ibiza II e V garantiram os volantes de cristal de 1994 e de 2018, respectivamente, e os Leon I e III de 2001 e 2014.
Há duas marcas, também de um mesmo grupo automóvel, com um poker de troféus: a Citroën que viu o AX encimar a lista em 1988 e o C4 I como o preferido em 2005, o C4 Picasso I em 2007 e, depois, o C5 II, dois anos mais tarde; e a prima Peugeot, vencedora em 1989, 2012, 2017 e 2019, respectivamente através das berlinas 405 e 508 (1ª geração), com o SUV 3008 e, de novo com o 508 (2ª geração).
No grupo das triplas estão a Nissan (Micra I em 1985, Primera P10 em 1991 e o Qashqai original em 2008) e a Renault (21 em 1987, Laguna II em 2002 e o Mégane II em 2003). Com dois troféus está a Audi, que em 1996 e 1999 viu, respectivamente, o A4 B5 e o delicioso TT subirem aos pódios de consagração, e a Toyota, vencedora em 1993, com o Carina E, e agora, em 2020, com a enésima – vá… é só a 12ª!!! – geração do eterno Corolla. Com uma única distinção estão, presentemente, a Saab com o 9000 Turbo 16 (1986), a Fiat e o seu Punto (1995), a Alfa Romeo com o 156 (1998), a Ford com o monovolume C-MAX (2011) e a Opel com a geração K do Astra (2016).
Só falta, assim, saber qual é “O Melhor do Mundo”
Não, nesta vertente não é um tal de Ronaldo, mas sim aquele que se sagrar vencedor final dos ‘World Car Awards’, a mais recente das iniciativas desta temática, nascida em 2005 e que, entretanto, cresceu da atribuição de um prémio único de ‘Carro do Ano Mundial’ para mais umas quantas categorias de suporte (são quatro este ano).
Neste galardão planetário é, também, a Volkswagen a marca mais premiada, sendo já coleccionadora de quatro troféus principais (Golf VI em 2009, Polo V no ano seguinte, Up! em 2012 e Golf VII um ano depois). A Audi tem dois troféus, o do A6 (geração C6), alcançado na estreia do troféu em 2005, e do A3 III, em 2014, tantos quantos os obtidos pela Mazda (a 3ª geração do Mazda2 em 2008 e o roadster MX-5 ND em 2016) e da Jaguar, com o F-Pace em 2017 e o i-Pace há um ano, o monarca que está, neste momento num trono de onde terá de descer. No lote dos laureados uma única vez está a BMW (Série 3 V em 2006), Lexus (LS 460 em 2007), Nissan (Leaf original em 2011), Mercedes (Classe C W205 em 2015) e Volvo (XC60 em 2018).
Fruto do recente adiamento de Abril para Agosto (em princípio) do ‘Salão Automóvel Internacional de Nova Iorque 2020’, a organização dos ‘World Car Awards’ irá realizar uma cerimónia caseira a 8 de Abril próximo, dando a conhecer o ‘Carro do Ano Mundial 2020’ e os vencedores das restantes quatro categorias de suporte (Design, Performance, Luxo e Urbano). A decisão final coube a um painel de 86 jurados – inclui um português – todos eles jornalistas de publicações especializadas (físicas e online) de 25 países. Os concorrentes à vitória nas quatro categorias de suporte e ao galardão principal são estes:
Acrescente-se que noutros domínios deste enfermo planeta Terra já se atribuíram vários outros troféus de âmbito mais regional e nacional, como o ‘2020 North American Car, Utility and Truck of the Year’, em que a vitória foi tripartida entre o Chevrolet Corvette (na categoria Auto), o Kia Telluride (SUV) e o Jeep Gladiator (Trucks), enquanto no ‘Car of the Year Japan 2019-20’ o troféu maior ficou para o Toyota RAV4. Já o favorito do painel feminino do ‘2019 Women World Car of the Year’, iniciativa que também conta com uma jurada nacional, foi o Mazda3.
Para o ano haverá mais, espera-se, numa contínua série de iniciativas que, como em todos os outros casos, estão agora em suspenso, a aguardar que o mundo consiga matar de vez um perigoso vírus que contraiu e que irá mudar, em muito, a sociedade, a economia, as indústrias e o modo como vemos e vivemos as coisas! A ver quanto tempo resta à Humanidade…
Fotos: oficiais