A Opel e a electrificação: uma história com mais de meio século
A recente e quase obrigatória electrificação é transversal a todas as marcas, modelos e segmentos do mercado automóvel. No entanto, para a Opel, esta é uma área em que os seus trabalhos iniciais de desenvolvimento começaram já há mais de 50 anos, fazendo da marca alemã um símbolo pioneiro no estudo das motorizações eléctricas, filosofia que mantém, tendo já anunciado que até 2024 todos os seus modelos terão uma versão híbrida ou totalmente eléctrica. Actualmente, anunciou o lançamento do seu primeiro híbrido plug-in, o SUV Grandland X Hybrid, bem como a inédita versão 100% eléctrica do seu best seller Corsa.
O início deu-se em 1968 com a construção de um híbrido com base no Kadett, o Stir-Lec 1. Utilizava catorze baterias de chumbo permanentemente recarregadas por um motor Stirling, instalado na traseira, solução que lhe permitia atingir uma velocidade máxima de quase 90 km/h. Apenas três anos depois, Georg von Opel, neto do fundador, bate seis recordes mundiais para veículos eléctricos com o Electro GT, um coupé que atingia os 188 km/h graças a um par de motores eléctricos com 120 cavalos. A bateria que os alimentava pesava 590 kg e permitia que este GT, à velocidade média de 100 km/h, declarasse uma autonomia de 44 quilómetros.
Década de 1990 com grande impulso eléctrico
Com a década de 1990, chegou igualmente o programa Impuls que, recorrendo igualmente a um Kadett, desenvolveu o Impuls 1, um estudo equipado com motor eléctrico de 16 kW alimentado por uma bateria de níquel-cádmio e que declarava uma autonomia de 80 quilómetros e uma velocidade máxima de 100 km/h. Um ano depois surgiria o Impuls II, já desenvolvido sob a carroçaria de uma Astra Caravan. Este utilizava 32 baterias de chumbo para alimentar os dois motores trifásicos de 45 kW. O Impuls III trouxe consigo o primeiro programa de testes em grande escala e em que a marca recorreu a dez protótipos, cinco com baterias de níquel-cádmio e a outra metade com baterias de sódio/cloreto de níquel, para percorrer mais de 300 mil quilómetros de testes na ilha de Rügen, no Báltico.
O Zafira e a pilha de combustível
Já no ano 2000 a marca de Rüsselsheim inicia os seus testes com a tecnologia de pilha de combustível – fuel cell – com um protótipo construído com base no monovolume Zafira. O HydroGen1 tinha assim capacidade de produzir a electricidade necessária para alimentar o seu motor eléctrico trifásico de 55 kW (cerca de 75 cavalos) e 251 Nm de binário. Pouco tempo depois surgiria uma frota de vinte HydroGen3, já com motor de 60 kW, para serem conduzidos por clientes em condições reais de utilização. Em 2004, dois exemplares do HydroGen3 ligaram Hammerfest, na Noruega, ao Cabo da Roca, em Portugal, num total de quase 10 mil quilómetros percorridos e no ano seguinte, o piloto Heinz-Harald Frentzen venceria o Rali de Monte Carlo para automóveis com motorização alternativa ao volante de um destes Zafira.
A Dupla Ampera
O nome Ampera está associado ao primeiro modelo com motor eléctrico com extensor de autonomia e surge em 2011, permitindo uma utilização diária sem qualquer limitação associada à carga da bateria. Utiliza um motor eléctrico de 111 kW (150 cv) e a bateria de iões de lítio de 16 kWh permite, consoante as condições, percorrer entre 40 e 80 quilómetros. Quando o nível de carga atinge o valor mínimo predefinido, entra em cena um motor térmico, a gasolina e com 86 cavalos, que actua como gerador de electricidade. Desta forma, é eliminada a típica ansiedade de utilização quando a autonomia se aproxima de valores que normalmente obrigam a recorrer a um posto de carregamento. O Ampera foi eleito Carro do Ano europeu em 2012.
Já o Ampera-e foi apresentado durante o Salão de Paris em 2016 e é um eléctrico capaz de percorrer até um máximo de 423 quilómetros, autonomia já medida de acordo com a norma WLTP. Para além disso, graças a argumentos como o desempenho do motor de 150 kW (204 cv) e a habitabilidade, o Ampera-e foi distinguido com o prémio Autobest em 2016 e com o Golden Steering Wheel no ano seguinte. A electrificação prossegue como parte essencial do plano estratégico PACE! da Opel, apontando a uma mobilidade ambientalmente sustentável.
Fotos: Opel