Parabéns, SEAT! Tão jovem e moderna, ninguém te dá 70 anos
Digam o que disserem, todos os comentadores de futebol têm um clube pelo qual torcem. Isso a meu ver não os torna menos profissionais porque o profissionalismo vem da sua capacidade de serem imparciais. Eu sou do Sporting porque é o clube que escolhi, aquele com que cresci e do qual gosto, não por serem os melhores desde que comecei a gostar de futebol, algo que fica bem claro nos dois campeonatos nacionais que festejei nos últimos 34 anos.
O mesmo se passa com os automóveis, algo de que gosto bem mais do que futebol e a área em que trabalho e que exige igualmente as acima referidas capacidades de imparcialidade e profissionalismo. Mas tal como os comentadores “da bola”, também eu, obviamente, tenho marcas pelas quais sinto uma especial ligação, o que não significa que não goste das restantes ou que as considere inferiores ou, ainda, que seja imparcial quando avalio um novo carro que me passa pelas mãos.
O SEAT 600 foi apresentado em 1957 Foi o grande responsável pela “motorização” da sociedade espanhola A sua produção terminou em 1973
Mas dentro do grupo de marcas pelas quais tenho um carinho especial, a SEAT é, sem dúvida, a principal. E como disse, não é por a considerar melhor que esta ou aquela marca, nada disso. Mas sim pela minha ligação aos seus carros, algo que começou bem cedo, desde a minha infância com um Marbella e que se prolongou pela minha adolescência até aos dias de hoje com o Ibiza, numa história que já tive o prazer de partilhar neste outro artigo.
É assim com muito prazer que escrevo estas palavras e as partilho no dia em que se celebra o 70º aniversário da SEAT, a sigla responsável pela democratização da mobilidade em Espanha e actualmente responsável por 1% do PIB espanhol, exportando 80% dos automóveis que produz. O SEAT 1400 foi o primeiro veículo da sua história, saindo da linha de produção da Zona Franca a um ritmo – nome de outro icónico modelo – de cinco unidades por dia em 1953. Quarenta anos depois, com a introdução da segunda geração do Ibiza, foi inaugurada a moderna fábrica de Martorell e teve início uma nova fase na história da SEAT.
Actualmente, com três centros de trabalho em Barcelona, El Prat de Llobregat e Martorell, a SEAT dispõe de uma capacidade incomparavelmente superior, produzindo em três minutos o mesmo número de automóveis que antigamente produzia num dia de trabalho. E a título de exemplo, os dois anos que um cliente poderia ter de aguardar pelo seu novo SEAT 600, ícone apresentado em 1957, estão agora reduzidos a um período inferior a 21 dias através do serviço Fast Lane que permite a compra, à distância, de um novo automóvel em menos de dez minutos.

Com um total de 75 modelos diferentes apresentados nos seus primeiros 70 anos de vida, a história da SEAT começou a ser construída com o primeiro modelo que acima referi, o 1400. No entanto, o pequeno 600 foi o grande responsável por colocar Espanha sobre rodas, tendo estado em produção desde 1957 até 1973. Também o 124 e as suas diversas variantes merecem, a meu ver, uma menção especial, sendo, ainda hoje, um modelo muito respeitado no mundo dos clássicos e da competição. No presente, modelos como o Leon, que se prepara para entrar na quarta geração, bem como os SUV Arona, Ateca e Tarraco representam a frente de ataque da SEAT, sendo os principais responsáveis pelos excelentes resultados comerciais alcançados recentemente.
No entanto, do meu ponto de vista, o Ibiza, lançado originalmente em 1984, é o maior responsável pela SEAT que conhecemos hoje em dia. Foi este o modelo que sustentou as ambições da marca numa fase mais delicada de transição entre os modelos produzidos sob licença FIAT e a era moderna de inclusão no grupo Volkswagen. Desta geração, foram vendidas mais de 1,2 milhões de unidades entre 1984 e 1993, e um deles está e vai ficar comigo, no que depender de mim, por muitos e bons anos.
O SEAT Ibiza chegou em 1984 O design é da responsabilidade de Giugiaro A primeira geração foi vendida até 1993
Também a Cupra, designação que surgiu pela primeira vez em 1996 associada à versão desportiva do Ibiza, evoluiu para uma nova sub-marca com o seu próprio símbolo e identidade, apontada à performance e exclusividade, assumindo-se igualmente como um dos principais pilares do crescimento da SEAT. Representa o expoente máximo da performance e tecnologia, sempre lado a lado com a competição, uma vertente em que a SEAT escreveu também o seu nome ao longo das décadas, tendo sido campeã mundial de ralis por três anos consecutivos com o Ibiza Kit Car e bicampeã mundial de turismos com o Leon WTCC, o único a consegui-lo com um motor Diesel.
Mas mais do que automóveis e competição, a SEAT assume-se igualmente com uma marca pioneira na investigação e desenvolvimento de novos produtos e serviços de mobilidade, como as suas scooters eléctricas apontadas ao ambiente citadino, trabalhando para uma mobilidade futura mais limpa e respeitadora pelo ambiente e sociedade. É também importante destacar o contínuo investimento feito em iniciativas sustentáveis para tornar a unidade de Martorell uma fábrica com zero emissões carbono até 2030. Cá estaremos, juntos, para celebrar esse feito e teus bonitos e devidamente electrificados 80 anos. Feliz cumpleaños, SEAT!
Fotos: SEAT