SEAT Tarraco. Desfruta-se à grande, mas conduz-se como um pequeno
Na altura de escolher o nome para este seu mais recente SUV, a SEAT permitiu que fossemos nós, o público e os fãs, a fazê-lo através de uma votação online. O nome Tarraco reuniu o maior número de votos e baptizou assim o último membro da família de SUV da marca espanhola com um detalhe curioso. Os mais pequenos Arona e Ateca usam cinco letras e levam cinco passageiros e este Tarraco usa sete letras para um igual número na lotação possível. E esta hein?! E digo possível porque o Tarraco é um automóvel de cinco lugares com a possibilidade de ter sete. A terceira fila custa 710 euros, um valor justo por um opcional de que este nuestro hermano com BI espanhol não dispunha mas de que também não precisei nos dias que com ele passei. Com cinco ou com sete, o Tarra(co) é um “carrão”!
Com quase 4,75 metros de comprimento, este é o SEAT ideal para uma família numerosa ou para aquelas longas aventuras na estrada durante as férias de Verão ou de fim de ano. Assim, neste momento, é demasiado carro para aquilo que são as minhas necessidades e possibilidades. A família não é numerosa e aventuras estrada fora é coisa para a qual, infelizmente, também não tenho (temos…) tido permissão. Mas foi exactamente isto que me apeteceu fazer assim que me reencontrei com o Tarraco, um modelo que tive o prazer de acompanhar de perto aquando da sua chegada em 2018, primeiro numa apresentação estática, depois numa dinâmica, bem mais conclusiva, pelas estradas da Catalunha. Apeteceu-me enchê-lo com as pessoas de quem gosto, com as suas bagagens e fazer-me à estrada, sem destino. E enchê-lo não é tarefa fácil, garanto-vos.
A bagageira, com abertura automática, engole tudo e mais alguma coisa. São 760 litros expansíveis a um máximo de 1920 graças ao rebatimento dos encostos do banco da segunda fila, uma configuração que cria igualmente um plano de carga ininterrupto. Ainda neste aspecto, até o rolo da cobertura da mala tem arrumação debaixo do piso. Mais do que um SUV familiar, o Tarraco é assim um T0 para nómadas do asfalto, com espaço para lá adormecer ao ver uma chuva de Inverno cair ou relaxar sob um belo céu estrelado de uma noite de Verão, tudo através do enorme tecto panorâmico.
Dos passageiros de trás, o condutor não vai certamente ter de ouvir queixas relativamente a espaço. A não ser que passe férias com o Dennis Rodman ou com o Jaws, o vilão com dentes metálicos da saga James Bond. Com o banco do condutor na minha posição ideal de condução, posso viajar atrás de mim com a perna traçada ou com ambas quase esticadas. Sei que não sou uma estrela de cinema volumosa, mas tenho algum volume e no Tarraco senti-me “à grande”. O banco traseiro pode também ser deslizado, jogando com os centímetros livres para as pernas ou com o espaço para bagagens. Atrás não falta também o controlo independente da temperatura e os bancos aquecidos. Luxo.
À frente, condutores altos ou baixos encontram rapidamente a sua posição de condução ideal graças às boas regulações do volante e banco. Este último é também exemplar a nível de conforto, com bom suporte para as pernas à frente, no assento. E é mesmo daqui, à frente do volante de um carro claramente pensado para os passageiros, que o Tarraco revela a sua maior surpresa: a condução. Para esta, existem quatro modos, três pré-definidos e um configurável no qual é possível combinar diferentes perfis para o amortecimento, direcção e resposta do motor, por exemplo. Assim que seleccionei a afinação mais branda da suspensão, rendi-me à forma como o Tarraco flutua em estrada aberta. Por outro lado, no modo mais desportivo, voltei a surpreender-me com a forma como sabe curvar e como parece encolher e fazê-lo como fazem os mais compactos. Grande, pesado e pensado para o conforto, o Tarraco não quer ganhar corridas. No entanto, no campeonato dos grandes, é um dos players mais ágeis e dinâmicos.
O motor TDI na sua versão de 150 cavalos assenta na perfeição a este Xcellence de tracção dianteira decorado num belíssimo Beige Titanium. São 340 Nm de binário logo às 1750 rpm e a partir desse regime, pisando-se a fundo no acelerador, o Tarraco dá um pulo decidido para a frente, chegando a impressionar. A caixa manual de seis velocidades tem um tacto fácil e confortável e ajuda a manter as rotações baixas e o ruído de funcionamento contido nas longas distâncias a ritmos elevados. Depois de quase 500 quilómetros de condução, com alguma autoestrada pelo meio, devolvi-o à SEAT com uma média final de 7,3 lt/100 km. Nada mau para um carro com quase 1700 kg, jantes de 20 polegadas e um condutor responsável mas que por vezes se entusiasma com o acelerador. Outro argumento deste Tarraco de tracção dianteira é que paga sempre Classe 1 nas portagens nacionais.
O Tarraco estreou uma nova linguagem de design da SEAT, ainda com mais salero e emoción, agora também replicada no belíssimo Leon, nova geração que esperamos também conhecer ao detalhe em breve. E tal como na condução, também no design do Tarraco há mestria em combinar dimensão e volume com desportividade, proporcionalidade e compacidade de linhas. A SEAT conseguiu esconder o peso e dimensão do seu maior SUV, quer exteriormente, quer ao volante. Por dentro, é impossível escondê-lo: é enorme e é assim que deve ser. Pirenéus no final do ano, pessoal? Quem alinha?
Fotos: Automotiva