Jeep Compass. Será este o SUV que me converteu?
Já o disse várias vezes e não me quero tornar repetitivo, mas o fenómeno SUV continua a passar-me ligeiramente ao lado. Como em todos os segmentos, há em bonito e em feio, aos olhos de cada um, claro. Há aqueles que são verdadeiramente práticos e aqueles que pouca versatilidade adicionam ao hatchback que lhe serve de base . Depois há igualmente aqueles que permitem uma maior liberdade de utilização extra asfalto e outros que ficam logo atrapalhados ao se depararem com um primeiro “obstáculo” que não seja uma lomba de centro comercial ou o lancil de um passeio. No meio de tão extensa oferta, há bastantes SUV que não conheço bem, que não conduzi e em que nem fui passageiro. Mas dos bastantes que conheço, e embora ache alguns, visualmente, bastante apelativos, raramente os prefiro em relação ao seu parente mais rasteiro.
E isto traz-me ao Jeep Compass. É verdade que na gama da Jeep não há um hatchback convencional como nas restantes marcas, mas é também verdade que a imagem da marca e o espírito de aventura que tão bem aplica nos seus modelos parece ter em mim algum efeito. Gosto deste Compass e via-me a comprá-lo. Não tenho os quase 40 mil euros que a marca pede por este recheado Limited, mas gosto dele! Eu, a imaginar-me dono de um SUV, quem diria. Acho-o bonito, sólido e com o tamanho e proporções certas, diferente sem ser demasiado irreverente, e isso agrada-me. Transmite robustez sem descurar elegância, e não se perde numa quantidade absurda de detalhes de design. Aposta, sim, noutros bem originais que evocam a história e espírito Jeep.
Sem ser um puro jipe da Jeep, distinção que assenta melhor ao Wrangler, o Compass permite algumas aventuras fora de estrada. Não tem tracção integral, nem tão pouco uma folgada altura ao solo, principalmente devido ao estranho desenho da parte de baixo do pára-choques dianteiro, mas tem sim algo que traz também benefícios a nível de conforto de rolamento. Tem uma boa quantidade de borracha a envolver as jantes, algo que outros SUV dispensam e usam no seu lugar uma fina camada de tinta a que chamam pneus. É giro de se ver, mas não é “giro” ao rolar num caminho de terra ou ao passar naquele buraco que abriu lá na rua no Inverno passado. Este Compass é assim uma proposta muito confortável, tal como um SUV deve ser. Também isso me agrada nele, não querendo ser a referência dinâmica de um segmento que quando surgiu, não tinha isso como objectivo principal. No entanto, o Compass não deixa de ser um carro seguro e muito estável no que diz respeito a comportamento.
E debaixo do capot, continuam as boas notícias. O motor Diesel 1.6 Multijet de 120 cavalos é suficientemente possante para puxar pelo Compass com vigor, sem que os consumos se tornem ridículos. Com valores de 7 a 7,5 litros por cada 100 quilómetros percorridos, não é o Diesel mais poupado do segmento, mas considerando o que este Compass anda, estas médias parecem-me bastante aceitáveis. Ao volante, gostei também da posição de condução e do conforto dos bancos, com com suporte lateral e, em comprimento, para as pernas. O volante pode ser demasiado grosso para que tem mãos pequenas, mas a mim agradou-me a sensação de segurança e controlo que transmite.
O sistema multimédia é outro elemento que merece ser destacado no habitáculo e utiliza um display táctil de 8,4 polegadas. O layout das funções e respectivos botões pode ser algo confuso ao início mas rapidamente nos habituamos, lamentando-se apenas que a câmara traseira não transmita uma imagem com qualidade à altura do grande display. O espaço no banco traseiro é mais do que suficiente para dois passageiros viajarem em grande conforto. Se lá for necessário sentar uma terceira pessoa, a viagem fica menos cómoda para todos, obviamente, mas nada que não seja normal encontrar no segmento.
Deixei para o fim aquilo que menos gostei; o preço. Um valor que, mesmo considerando o equipamento quase “unLimited”, a garantia de 4 anos sem limite de quilómetros e o desconto de 5 mil euros da actual campanha, ainda fica bem perto dos 39 mil euros. É caro, sem dúvida. Mas este é o preço de ser um SUV como os outros, mais pesado e menos eficiente energeticamente que os vulgares compactos familiares e assim sujeito a uma maior carga fiscal, mas também de não o ser, com uma personalidade muito própria, um design distinto e verdadeiramente aventureiro e uma herança Jeep que nenhum dos seus rivais se pode gabar de ter. Graças ao Compass, talvez comece a olhar para os SUV de maneira diferente.
Fotos: Automotiva