SEAT Arona. O Ibiza em versão SUV também curva que se farta
O mais recente dos SUV da SEAT, o Tarraco, estreou uma nova linguagem de design que a marca se prepara também para aplicar ao Ateca. O SUV médio apenas se mostrou em formato teaser, mas tudo indica que vai adoptar as linhas da grelha e iluminação dianteira do Tarraco e do novíssimo Leon. O Arona, o mais pequeno de todos os crossovers espanhóis e a estrela deste nosso ensaio, vai certamente receber essas mesmas linhas numa actualização que chegará mais tarde. Até lá, vai manter-se com esta cara bonita que tão bem saiu à SEAT e que continua a agradar a muitos dos compradores de crossovers urbanos de segmento B.
Como referi, ele até pode ser o mais pequeno da oferta da SEAT, mas no campeonato onde joga, o Arona é um dos mais espaçosos. Herda assim do Ibiza, modelo com o qual partilha a plataforma, esse grande argumento, uma boa habitabilidade considerando as suas dimensões exteriores bastante compactas. Os passageiros de trás contam assim com uma boa distância livre para pernas e igualmente mais acima, no espaço para a cabeça. Se for necessário transportar um quinto passageiro, o espaço está lá, mas assim o conforto de quem viaja no banco traseiro é bastante menor, um ponto menos bom mas que é habitual neste segmento. Já a bagageira, com uma capacidade de 400 litros, supera a do Ibiza e supera também o valor apresentado por alguns dos seus principais rivais.
A dinâmica é um dos pontos mais fortes do Arona. Esta pode até não ser a prioridade de quem procura um pequeno SUV urbano, mas ao manter o foco no comportamento, o Arona é uma excelente aposta para quem não quer mesmo prescindir da agilidade que normalmente não se encontra numa proposta deste género. A direcção é rápida e as curvas são uma limpeza, também ajudadas pela grande quantidade de borracha que o “nosso” Arona utilizava. O conforto sai ligeiramente penalizado caso o piso esteja verdadeiramente degradado, mas isso não é um problema. O problema é que a rigidez e pouco curso da suspensão significam que o fora de estrada possível é, na verdade, algo de muito ligeiro, porque o Arona facilmente fica com uma roda no ar e não consegue colocar a tracção no chão. É um pequeno SUV urbano que adora curvas, lembrem-se disso.
Este é assim um crossover que gosta de mimar o condutor e que não se importa de sofrer alguns abusos em curva. Rápido e ágil a reagir, o Arona que guiámos dispunha do motor menos potente da gama, mas um “coração” mais do que suficientemente enérgico para nos divertirmos. Este 1.0 TSI, a gasolina, é uma das motorizações mais agradáveis de utilizar do segmento e puxa o Arona com 95 cavalos de potência – embora pareçam mais – e 175 Nm, explorados por uma caixa manual de cinco longas relações, de tacto muito agradável. A nossa média final de ensaio ficou-se pelos 6 lt/100 km.
A posição de condução é óptima e a visibilidade dianteira é excelente, em muito beneficiada pelo pilar A de desenho fino. Para os condutores mais empenhados, apenas o volante de aro fino pode não estar à altura de uma experiência que pode ser muito divertida se assim o quisermos. Quanto a modos de condução, não lhe faltam os pré-configurados, bem como um totalmente personalizável.
Quanto a equipamento, e tratando-se do nível de topo Xcellence com alguns extras, este nuestro hermano estava equipado com inúmeros itens cada vez mais valorizados num carro novo. Não lhe faltava o acesso e arranque sem chave, o sistema de som da Beats (que nos pareceu “cantar” melhor do que no irmão Tarraco) e um completo sistema de infotainment com compatibilidade Android Auto, Apple Car Play e Mirror Link. O painel de instrumentos digital e a poderosíssima iluminação full LED são outros pontos que merecem destaque neste recheado Arona que conduzimos. Ainda por dentro, os plásticos do habitáculo são rijos, inclusivamente no topo do tablier, mas não há falhas a apontar no que à montagem diz respeito.
Relativamente a sentido prático, são raros os casos em que a variante SUV realmente acrescenta algo à versão berlina/hatchback que lhe serve de base, pois quase sempre é o design quem fala mais alto, literalmente. Começam, felizmente, a surgir novos exemplos, mas o Arona acrescenta mesmo algo mais nesse aspecto se o compararmos com o Ibiza. Há mais espaço para a cabeça, bem como para as bagagens. Há uma maior liberdade de utilização, ainda que ligeira, mas há, principalmente, uma melhor visibilidade e a tão apreciada posição de condução mais elevada. Mas tudo, sem sacrificar o desempenho dinâmico, mesmo que o centro de gravidade esteja mais alto. Para um potencial cliente que, como eu, não pode de forma alguma prescindir de uma boa dinâmica, o Arona pode muito bem ser a resposta.
Fotos: Automotiva