O Hyundai Ioniq Electric mostrou-me que a autonomia é cada vez menos um problema
O primeiro pensamento que tive quando entrei no Hyundai Ioniq Electric foi: “relaxa, desfruta e não penses na autonomia”. Os 311 quilómetros são suficientes para reduzir os níveis de ansiedade? Acredito que sim.
Pela primeira vez aqui na Garagem fiz um ensaio a um eléctrico. Era algo que tinha de acontecer mais cedo ou mais tarde, visto que a procura é cada vez maior. No entanto, antes do mesmo, olhava para este tipo de propulsão com algumas reticências, pois nos contactos anteriores com outros eléctricos ia tendo mini-ataques cardíacos ao ver a autonomia a cair drasticamente. Mas como os tempos mudam, bem como as tecnologias e as ofertas, as melhorias acabam por acontecer a uma velocidade difícil de acompanhar. É aqui que entra o renovado Hyundai Ioniq Electric (ou EV, é como preferirem). No mercado desde 2016, a marca sul-coreana decidiu fazer-lhe algumas alterações de modo a continuar apelativo num mercado em constante crescimento e, para tal, destaca-se a maior autonomia, mas já lá vamos.
Interior cheio de tecnologia, espaço e soluções inteligentes
Decidi começar a falar do Ioniq Electric pelo interior. O eléctrico deu um enorme “pulo” no que diz respeito a design, mas também em funcionalidade. O ecrã central, que mais parece uma mini-televisão, forma uma peça única com as funcionalidades do ar condicionado. Isto dá ao Ioniq uma certa identidade que eu aprecio. O sistema de infotainment está bem organizado, é rápido e tem todas as informações necessárias para que os donos de eléctricos se sintam calmos e tranquilos em relação a autonomia. O painel de instrumentos digital muda de forma consoante o modo de condução escolhido, enquanto a consola central tem a grande maioria dos botões físicos que podemos encontrar no carro, onde se incluem os botões que controlam a transmissão by wire. Algo que reparei, e que me impressionou, é o enorme espaço de arrumação ao centro que pode ser útil para aquelas mulheres que em vez de meterem a mala no banco de trás, pedem ao passageiro da frente para a segurar no colo. Quanto a vocês não sei, mas a mim irrita-me profundamente, desculpem. Por falar em espaço, é possível transportar quatro adultos com conforto e os 357 litros de bagageira chegam e sobram para todas as compras do mês.
Autonomia? Quase que me esqueci que estava num eléctrico
Vamos então para o que realmente interessa, a condução. Neste ponto, reparei que a Hyundai fez um trabalho muito bom no que diz respeito a amortecimento. O conforto é realmente bom e transmite um certo sentido de tranquilidade necessária para conduzir um veículo eléctrico. O Hyundai Ioniq Electric tem ainda 136 cavalos à disposição, mais 16 cv face ao antecessor e permite fugir ao trânsito com facilidade quando cai o verde no semáforo. Como já devem ter reparado, mal falei da autonomia. Calma, não me esqueci, mas mal me lembrei dela durante o ensaio. A bateria está maior e garante 38,3 kWh de capacidade (o anterior ficava-se pelos 28 kWh) e possibilita 311 quilómetros de autonomia (ciclo WLTP) que conferem segurança aos mais nervosos, como é o meu caso. A maneira como o Ioniq Electric faz a gestão da energia, entre os 12 e 13 kWh gastos aos 100 km, deixou-me a pensar que até não me importava de ter um. Fiz a minha vida quotidiana sem qualquer mudança no que diz respeito a velocidade ou trajectos, pura e simplesmente senti-me num carro “normal”. Uma das melhores soluções para a cidade, cada vez melhor para um ambiente misto (cidade, mas com alguma autoestrada), mas continua a ser curto para único carro.
Em suma, a renovação do Hyundai Ioniq Electric reforçou a oferta tecnológica, melhorou a autonomia e potência e reduziu os níveis de ansiedade dos condutores. Os eléctricos são cada vez mais automóveis para ir além da cidade e os avanços nos propulsores eléctricos estão a torná-los apelativos. No entanto, um ponto que eu considero ainda ser o mais fraco é o preço. Acrescentando pintura metalizada (520 €) e o pack pele (2000 €), o preço de venda ao público da unidade ensaiada é de 41 970 €. Um valor que faz mossa e deixa a pensar no que dava para comprar por esse preço.