Opel Astra 1.2 Turbo: a experiência conta muito
O segmento dos compactos familiares – não SUV, atenção! – inclui dezoito modelos, todos de marcas diferentes, claro. Nunca os tinha contado e nunca diria que são tantos. Mas dessa lista retiremos o trio premium alemão, bons mas mais caros, bem como dois dos meus modelos preferidos do segmento, cujas gerações se preparam para sair de cena, sem substituto confirmado, algo que me deixa muito triste. Falo do Alfa Romeo Giulietta e do Volvo V40, dois dos mais antigos segmento C ainda em comercialização e que, no que ao design e comportamento diz respeito, colocam ainda muita da concorrência em sentido.
Mas voltando à lista que agora se resume a treze modelos, e considerando os dados recentemente divulgados de vendas acumuladas em 2020, encontramos o Opel Astra, um nome incontornável do seu segmento, desde a muito bem sucedida primeira geração, apenas no oitavo lugar. Parece-me injusto, mesmo considerando os anos de serviço que esta geração também já leva. Mais ainda depois de me ter reencontrado com ele, confirmando o que já sabia de outras ocasiões em que nos cruzámos, que é um automóvel de qualidade inquestionável e agora com um visual ligeiramente retocado e com uma gama de motores actualizada. Está, portanto, mais eficiente e moderno, mantendo quase intactas as suas linhas exteriores, o que, pelo menos para mim, é uma óptima notícia, pois sempre gostei da sua “pinta”.
O Astra que conduzi utiliza um motor 1.2 Turbo a gasolina, um três cilindros cheio de pulmão que não partilha com nenhum outro carro do grupo do qual faz agora parte, com vibrações e ruído bem controlados e também ele capaz de consumos bem interessantes. Não tive grande dificuldade em manter a média nos 6,5 litros/100 km mesmo com alguma utilização em cidade e com alguns percursos onde “apertei” com ele, puxando pelos 130 cavalos. A caixa de 6 velocidades, com relações longas, ajuda nos consumos e o seu único defeito é mesmo o manípulo de desenho pouco simpático para a mão. A direcção está orientada para o conforto, dando prioridade à leveza e rapidez e não à comunicação com as pontas dos dedos, mas isso, para além de poder, em parte, ser também explicado pelos pneus, não é um defeito, pois estamos na presença de um familiar não desportivo. O trabalho feito na suspensão revela também um bom compromisso entre conforto e dinâmica. Mesmo com jantes de 18 polegadas, opcionais neste “nosso” Astra Ultimate, nunca o achei demasiado rijo e gostei da agilidade e destreza que mostrou nas curvas mais exigentes para o chassis. Sempre rápido e seguro, sem sacudir quando o piso se torna mais irregular.
Mas o que gostei mesmo foi de me sentar ao volante – atrás do qual está agora um painel de instrumentos parcialmente digital – e de rapidamente me voltar a aperceber de que é um automóvel no qual foi investido tempo. Actualmente, pode não ter o desenho mais elaborado, mas é bonito, pode não usar os melhores materiais do segmento, mas são agradáveis ao toque e pode até não ser tão bom quanto os melhores, mas é bom! E isso nota-se, principalmente, no habitáculo, na montagem dos seus elementos, tudo com óptimo acabamento, e também nos bancos, muito confortáveis e ergonómicos. Atrás pode também não ser o mais espaçoso, mas está longe de comprometer o conforto numa viagem a quatro. O Astra continua apelativo e competente e merecia, por isso, vender mais. A qualidade está lá toda e para quem quiser um Opel da era pré-PSA, esta pode muito bem ser a sua última oportunidade. O próximo Opel Astra será, certamente, melhor, mas este é, ainda, muito bom.
Podes consultar a ficha técnica aqui.
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