Ninguém quer ser James Bond. Eu quero e a culpa é do DB5
Não há um filme da saga James Bond do qual não goste, mas tenho, obviamente, as minhas preferências. O meu eleito é, sem dúvida, o “On Her Majesty’s Secret Service”, de 1969, protagonizado por um mal-amado Bond que, a meu ver, esteve muito bem no seu papel, George Lazenby. A banda sonora é tremenda, principalmente quando o vilão Blofeld, interpretado por Telly Savalas, persegue Bond pelos Alpes abaixo. Neste que é o único filme em que o eterno mulherengo Bond se casa, a acção decorre igualmente em Portugal, com passagens pela Arrábida, Guincho e Estoril, berço da personagem criada por Ian Fleming. Digam o que disserem, é um “filmaço”! E como em todos os filmes de Bond há carros em quantidade. Neste, até há vários Ford Escort MK1 a deslizar na neve, o que é, para mim, a cereja no topo do bolo.
Mas se me perguntarem qual o é meu Bond preferido a nível de actores, a resposta é muito mais difícil. Sobre o Lazenby já falei. Acho-o injustamente esquecido. Dalton foi muito bom, subvalorizado e com poucas oportunidades. Pierce Brosnan começou muito bem com Goldeneye, mas foi tramado por filmes cuja qualidade foi caindo à medida que foram sendo lançados. Já Daniel Craig vai deixar saudades. Um 007 diferente e que, ao início, estranhei. Actualmente, acho-o fantástico enquanto Bond. Frio e calculista. Restam dois, os que infelizmente já partiram, pois escrevo este texto no dia em que Sean Connery faleceu, aos 90 anos, depois de Roger Moore ter morrido em 2017 com 89 anos. Estes dois são, apesar disso, imortais.
São eles os meus eleitos. Para mim e para muitos fãs de James Bond. Connery foi o primeiro, é verdade, mas Moore foi espectacular enquanto 007. Um agente secreto, também ele atiradiço como a personagem exigia, mas divertido e igualmente um cavalheiro, qualidade que manteve fora do ecrã. Apesar de hoje ser um dia triste, é também dia de celebrar o que Sean Connery nos permitiu sentir a partir do conforto de nossas casas. Sermos Bond durante sensivelmente duas horas. E podermos continuar a sê-lo, sempre que quisermos.
Isto porque poucos ou nenhum de nós tem a vida glamorosa de Bond. Não temos as viagens, as paixões, os casinos, os restaurantes, a vida excitante e constantemente no limite, fazendo o bem, vencendo o mal, sempre em grande estilo, com elegância e, acima de tudo, ao volante de grandes automóveis. Nenhum de nós quer ser Bond, mas no fundo, todos queremos. Eu não tenho vergonha de o admitir. E por muito difícil que me seja escolher entre Roger Moore e Sean Connery, e por muito que goste do Lotus Esprit, prefiro o Aston Martin DB5. E a ele associado, estará, para sempre, Sir Sean Connery.
Fotos: 007 / Aston Martin