Saab 9-3 Viggen: o desportivo “tudo à frente” de que já não te lembras
Quando o assunto é desportivos compactos do passado recente, vêm sempre à conversa os suspeitos do costume. Todos nos lembramos dos mesmos e muitos de nós têm gostos em comum, saindo, imensas vezes, um “cromo repetido” em cima da mesa. Mas depois há aquela malta (felizmente!) que se lembra de modelos mais exclusivos, mais caros ou menos bem sucedidos que rapidamente caíram no esquecimento e desapareceram, quase sempre, não por falta de qualidades. O Saab 9-3 Viggen é, para mim, um bom exemplo disso.
Eu nunca conduzi um Saab. E tenho quase a certeza de que nunca andei num. Não me considero um exímio conhecedor das suas criações, mas sou, assumidamente, um fã delas, bem como da forma como a extinta marca sueca (nos automóveis, pelo menos) fazia os seus automóveis, inspirados nos seus aviões. O Viggen foi disso um grande exemplo, pois não só partilha a inspiração aeronáutica com os Saab, digamos, menos Viggen, bem como partilha esse nome com um caça bem mais rápido do que ele, o 37 Viggen. Atinge Mach 2, por isso, é só por um bocadinho.
A primeira geração do 9-3 é na verdade uma actualização da segunda geração do icónico 900 e é, igualmente, a base de um dos mais rápidos Saab de produção de sempre, o Viggen. Mas apesar de ser um 900 modernizado, a primeira geração do 9-3 foi lançada no mercado com nada mais do que 1100 modificações, estéticas, eléctricas e estruturais que o melhoraram e aproximaram do maior 9-5.
O Viggen surgiu em 1999 como o mais desportivo e radical dos 9-3 – mantendo toda a racionalidade Saab – e fez mira a modelos desportivos de renome como o BMW M3, contando com a ajuda da Tom Walkinshaw Racing no seu desenvolvimento. Não dispunha de um motor de 6 cilindros nem da muito apreciada tracção traseira, mas contava com um poderoso motor de quatro cilindros 2.3 Turbo com uma potência de 228 cavalos e 342 Nm de binário que lhe permitiam fazer o arranque de 0 a 100 km/h em menos de 7 segundos e chegar a uma velocidade máxima limitada de 250 km/h. Ora bem, isto são números muito bons, mesmo considerando a oferta actual. Tão bons que a Saab teve de limitar o binário nas duas primeiras relações de caixa para o Viggen não desatar a curvar sem o pedirmos ao volante devido ao efeito “torque steer”.
Para abrandar tão robustos cavalos nórdicos, o Viggen passou a dispor de travões à altura do seu andamento, com discos dianteiros ranhurados e ventilados de 306 milímetros e também o chassis foi revisto, com uma suspensão de afinação mais desportiva, muito embora se note, em vídeos da época, que o 9-3 Viggen adorna em curva, mas com aquele adornar quase atlético, digno de um cavalheiro que não dispensa a sua corrida ao sábado de manhã, mantendo assim, segundo a Saab, um conforto apreciável. A caixa de velocidades com 5 relações está também associada a uma embraiagem reforçada, preparada assim para uma condução mais exigente.
Estava disponível em três formatos de carroçaria e seis cores. O coupé de três portas, mais desportivo, o mais familiar, com cinco portas, e uma versão descapotável que, obviamente, não dispunha da mesma rigidez estrutural dos seus irmãos. O habitáculo mantém a inspiração dos restantes 9-3, com uma arrumação de tablier de um quase cockpit, mas aqui num ambiente bem mais racing do que nas restantes versões, com excelentes e bonitos bancos que, também segundo as palavras do Departamento de Marketing da Saab, “oferecem um elevado suporte quando mais se exige, mantendo o conforto nas longas distâncias”. Não duvido, mas adorava ter oportunidade de experimentar. Foram apenas produzidos 4600 exemplares deste robusto sueco nas instalações da Valmet, na vizinha Finlândia. Parece-me um plano algo difícil de concretizar. Alguém consegue ajudar?
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