O Volvo 343 de que nunca ouviste falar. Ou então era só eu que não conhecia…
O 343 da Volvo foi o resultado de uma colaboração com a DAF, empresa holandesa que durante a década de 1960 queria aventurar-se no desenvolvimento de um novo modelo de maiores dimensões do que os seus primeiros e pequenos modelos, os 600 e 750, famosos pela sua transmissão Variomatic, de variação contínua.
Foram desenvolvidos vários estudos e esboços com as formas que este novo modelo poderia vir a adoptar, uns da autoria da própria DAF, outros assinados, por exemplo, por Michelotti. A escolha final recaiu, no entanto, sobre um esboço de John de Vries, mas a DAF viu-se depois sem os meios financeiros para avançar com o projecto e foi obrigada a sondar outras marcas que estivessem interessadas a colaborar na produção do novo modelo. Essa marca foi a Volvo, apesar de terem sido abordados símbolos da indústria automóvel.
O nome escolhido, 343, tem uma lógica muito simples. Foi a terceira família de modelos desenvolvida desde o Volvo Amazon, tinha um motor de 4 cilindros e uma carroçaria de 3 portas. O 343 foi apresentado em Gotemburgo, na Suécia, em Fevereiro de 1976 e o seu corpo de dois volumes e meio escondia a já conhecida tecnologia Variomatic e um motor 1.4 litros de origem Renault com 70 cavalos. No entanto, no Outono de 1978, o 343 passou, também, a poder contar com a caixa manual já usada na família 240 da marca sueca.
Tudo isto que referi pode, ou não, ser uma novidade para ti. E se agora mencionar o nome “Oettinger”, e se este não for estranho para os teus ouvidos, ou olhos, tenho a certeza de que já fizeste a associação a vários modelos da Volkswagen e da Audi, mais ou menos modificados, pois este preparador fundado em 1946 escreveu a sua história ao desenvolver melhoramentos para inúmeros modelos destas marcas alemãs.
No entanto, no final da década de 1970, para variar um pouco de tantos Audi 100 e Volkswagen Scirocco e Golf modificados, a Oettinger aplicou a sua magia no Volvo 343. “E esta, hein?” Para mim, isto foi uma autêntica surpresa. Segundo consta, o serviço foi encomendado por Herr Dieter Laxy, o então Director Comercial da Volvo na Alemanha e apresentado para o model year de 1979 do 343 no circuito de Nürburgring.
Diz-se, inclusivamente, que o spoiler traseiro é idêntico ao utilizado pelo Scirocco, embora esse tenha sido apenas um dos elementos estéticos que tentou dar um boost ao visual pouco desportivo do 343. O 343 Oettinger estava disponível em apenas duas cores, cinzento ou vermelho, mas não lhe faltavam as “go faster stripes”. São tão raros que a única fotografia a cores que encontrei é a de um catálogo da época.
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A Oettinger pegou no motor B14 da Renault, com 1397 cc e aumentou-lhe a cilindrada para 1596 cc. Trabalhou a cabeça, aplicou-lhe uma cambota forjada e um carburador diferente. O colector de admissão foi, igualmente, revisto, bem como o escape, agora com componentes da Sebring. Por fora, destacavam-se os já mencionados spoilers e as novas jantes, e no habitáculo o 343 passou a contar com um conta-rotações e bancos com padrão específico.
As alterações mecânicas elevaram a potência dos 70 aos 90 cavalos e o 343 passou a acelerar dos 0 aos 100 km/h em 12,5 segundos. Para os padrões actuais, pode até não impressionar, mas estamos a falar de 90 cavalos e de uma aceleração que demorava, anteriormente, 16 longos segundos. A velocidade máxima passou de 150 para 165 km/h. A produção deste 343 especial foi muito reduzida, pois há registo de apenas 125 unidades destes Volvo 343 “do tuning”.
Fotos: Volvo / IMS